domingo, 29 de abril de 2007

Pras Fitas que as Pariu!

Fitas? Foram mais que muitas.. Dedicatórias? Já as recebi todas.. Palavras de ocasião? Não, obrigado. Eu queria mesmo era "ser" caloiro. Ter aquela ingénua parvoice de quem cai nas trapaças cíclicas dos doutores. Mas "ser" dos que "são". Não daqueles que se "fazem" como se "farão" daqui a 6 anos em "fitas" absurdas. Fitas? As minhas? Pras fitas que as Pariu!

continuar...

a semana pré queima está aí. todos os "àcidos acumulados" durante este tempo podem finalmente ser libertados numa semna cheia de força.
entretanto há a logística do finalista. fotos, frases, smoking, aile e o pior...fitas. o pá que não há paciência para pedir um a um que mas assinem...e assinar? é uma responsabilidade fodida. quem nos dá uma fita espera que lhe digamos tudo oo que ele é como se isso fosse possível de escrever num pano amarelo que custa largo pa esticar.
há pessoas que preferem fazer rascunho e depois passar. eu não, se é pa ser sincero vai de uma vez e acabou. saia o k saia.
e a mim tb quero k me façam assim. nem que me entreguem uma fita toda borrada, ams ao menos que seja fruto do mais casual que pode sair que, no fundo, é aquilo que nós somos no que realemente interessa - o dia a dia.

nestas alturas aparece mto pessoal das festas. "ai e tal que tou tão triste. parabens a ti tb. chegamos aqui e foi tão bom. ai que isto é tão comovente."

faz falta algum sentimento de cerimónia mas são coisas como tantas outras. não digo que não anseio um pouco o momento da minha imposição... as bocas que me vão mandar...as palmas...a cartola e a bengala...as begaladas, enfim já sabem.

mas o que realmente anseio são os olhares de cumplicidade, no momento em que me tirarem a capa, daqueles que durante este tempo me acompanharam, que me tornaram na pessoa que sou hoje, que me deram oportunidade de viver coisas que nem imaginava algum dia fazer, que me deram sempre tudo sem pedir nada em troca...

a nossa festa é o dia a dia e com ele continuaremos depois da queima.
e por isso é que digo: chorar pk? o que importa fica na mesma...

no momento certo, e certamente com alguma nostalgia que por acaso já sinto ao escrever agora, espero saber agradecer-vos com um simples sorriso esse olhar cumplice que vale mais do que 1000 fitas escritas...


obrigado a todos.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Movimentos Perpétuos

Continuam as comemorações no nosso blog…

Festeja-se neste 25 de Abril a Revolução dos Cravos de 1975, símbolo de democracia e de liberdade, que em 2007 celebra pouco mais que o feriado para pôr o sono em dia, os discursos dos políticos a apregoar os bons valores e as boas intenções e a comunicação social, competindo pelos títulos e programas mais vendáveis.
Restam as memórias e os sentimentos dos que elevaram os cravos nas espingardas ao som da Grândola Vila Morena…

Liberdade?... Democracia?...

Quantas mais revoluções são precisas para acabar com a ditadura incólume do status e da carteira; a manipulação da opinião pública com actos e palavras tendenciosas, numa trama em que não se descortinam vítimas ou feitores; o uso e abuso dos corpos e das almas, num total desrespeito pela dignidade humana, pela exaltação de uns à custa do devassamento da intimidade de outros.

Que é da fraternidade, do amigo em cada esquina, da igualdade em cada rosto pintado, da vontade, na vila morena? Que é da verdade, da justiça, da sinceridade, da entrega, do valor da palavra, da solidariedade?

'O coração de mar e vento, que aos corações lanças redes, és perpétuo movimento, na guitarra do Paredes.
Pões esperança e amargura, ah, vibras sombra e nus nas notas, e em surdina tens gaivotas de saudade e de aventura…
O coração tumultuário, ah, faminto coração, solidário e solitário, a prender nuvens ao chão…
Coração de melodia, um coração em que murmuram sol e lua e se misturam em funda melancolia...
De tantas fomes e sedes, coração terno e vilento, és perpétuo movimento na guitarra do Paredes...
Ah, faminto coração, a prender nuvens ao chão…
'

No refúgio do meu quarto, ao sinal do ‘Coração’ da Mísia, no mesmo dia em que se repôs a liberdade, apelo à revolução dos gestos, com a força de um hino, uma canção ou um poema…

1111

Cantam-se os parabéns ao nosso bloguezinho pelo 1111º vez que foi consultado.
Na verdade este já é o 2º argumento de celebração. Não cheguei a tempo de congratular as 1001 visitas, nem sei se estarei presente no momento da comemoração das 1221, 1331, 1441, 1551, 1661, 1771, 1881, 1991, e assim em diante a começar no 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9, para depois reiniciar no 1, acrescendo um dígito mais. Números que são verdadeiras obras de arte, próximas da perfeição do símbolo e do cálculo entre o par da cabeça e o par da cauda.
Não há grandes explicações sobre estas datas, tal como não as há quanto aos festejos de números arredondados às dezenas. São convenções, e como tal, adoptam-se as que muito bem se entendem.
Na qualidade de madrinha, escolhi os números palindrónicos, mais conhecidos por capicuas, para comemorar, em jeito de agradecimento, a atenção que têm dispensado à nossa criança. Nesta fase inicial, em que dá os primeiros passos, todo o incentivo é importante para adquirir confiança em corridas maiores.
Em breves minutos alguém terá a feliz coincidência de ter o contador de visitas em sintonia com este post. Um momento único e inigualável que espero que não deixe de registar!

Bem hajam!
… e, escrevam mais!

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Através do ecrã

Há cerca de uma semana foi-me entregue um questionário, na aula de psiquiatria, para avaliar o grau de dependência da Internet, cuja pertinência fui constatando à medida que distribua as cruzes pelos diferentes quadrados.
Hoje, na sequência de uma notícia sobre um site criado por dois alunos de engenharia de computadores e telemática da Universidade de Aveiro que permite contabilizar, durante um mês, os navegadores na net em todo o mundo, decidi escrever este post... (um dia cinzento, portanto...). E porque é sempre mais substancial pensar o futuro com os olhos postos no passado, não resisti em pesquisar algumas páginas sobre a sua história.
Em resumo, a International Network foi criada por volta dos anos 60, no contexto da Guerra Fria entre EUA e União Soviética, com fins de transporte e protecção de informação à distância. Foi aperfeiçoada até se obter uma rede com diversos percursos e diversos códigos paralelos, capaz de conectar uma grande área da superfície terrestre, mantendo a segurança do conteúdo transmitido.
Até cerca dos anos 90 era praticamente usada com fins militares.
A partir desta altura, com a criação do World Wide Web, a Internet transformou-se num sistema global público, assumindo primeiro um papel revolucionário nas áreas industrial, informática, comercial, científica, educacional, administrativa, e posteriormente na interacção e relacionamento interpessoal.
E se as vantagens da Internet são inúmeras e incontestáveis, não deixa de haver um reverso da medalha.
Sobre os inconvenientes técnicos abstenho-me de falar delegando a tarefa aos mais entendidos. Refiro-me antes ao espaço que tem vindo a ocupar na rotina diária, não só como meio de acesso à informação, mas também como meio de relacionamento interpessoal.
E no que a inconvenientes diz respeito, tanto mais perigosos quanto maior a imaturidade do utilizador, enumeram-se desde o proporcionar contactos com desconhecidos, à disseminação dos mercados mais perversos ou simplesmente, à substituição do café depois de jantar com os mesmos amigos com que se têm intermináveis conversas pós-prandiais, no IRC ou MSN.
Mudam os rituais ao chegar a casa. O botão da TV ou da aparelhagem tem vindo a ser substituído pelo do PC ou portátil.
Pelo impacto crescente nas camadas mais jovens, já há escolas do ensino básico e preparatório, aqui no Porto, em que se rejeitam bibliografias retiradas da Internet, com o objectivo de preservar os hábitos de consulta de livros nas bibliotecas.

Que outras implicações futuras?

domingo, 22 de abril de 2007

Volto já

Faço e refaço parágrafos de um texto que se pretende interessante e correctamente escrito...
Tenho o tema e as palavras certas. Falta-me a inspiração, e é como que se me faltasse o engenho no acto de transformação da matéria prima…
Lá fora, o sol e a luz que deliciosamente me queimam a pele, o cheiro da erva molhada a crescer, os chilreios que acordam da hibernação do Inverno, a cor das flores nos canteiros, a brisa que me despenteia os cabelos e infunde a sensação de frescura. Tudo isto me eleva à paz interior, e dissolve a inquietude, tristeza, desilusão, frustração, por que espontaneamente se move o meu punho no gesto terapêutico da escrita.
Gosto de manter a naturalidade no que vou fazendo e por isso aguardo o limiar claustrofóbico das obrigações profissionais, associado à programada inversão de sono estival, para recuperar a taxa de produção inicial.
Para bem e para o mal, sinto que não levará muito tempo…

terça-feira, 17 de abril de 2007

Os destinos de Makafur

Fora sempre só e sozinho. Ditara na roleta da vida a sua sorte. Atirara nas cartas tarolescas o burlesco da sua vida. Decidara-se a não precipitar decisões e não antecipar mais do que o segundo o seu fado. Entregara o futuro às predestinações das incertezas e perdera-se nas fumaças cachimbescas e nos tragos deleitosos de destilarias duvidosas. Quem era Makafur? Envolvera-se numa aura de mistério onde se escondia de si a si próprio numa busca interminável. Pensava a condição humana e a sua e nossa pequenez relativizando o absoluto das convicções alheias, rendendo-se às formas fatais de quando em vez. Já Blinkie, fiel companheiro, era o engenheiro de si próprio. Independente e pragmático, programava à distância de anos os seus passos certinhos sem nunca acreditar que um dia tropeçaria em si próprio estendendo-se no tapete da vida. De quando em vez, Makafur pedia a Blinkie o seu código moral elevado emprestado e anotava num papel em branco as suas incontáveis incoerências. Blinkie repreendia-o com a precisão de um seminarista. Makafur respondia com um aceno cúmplice mas desinteressado dessas coisas da moralidade ou, pelo menos, de um tão alto que de tão alto é inantigível, nível de moralidade. Não sei o que é feito de Makafur. Blinkie cumpriu-se mas debate-se com os impostos taxados do sucesso.

"A vida é feita de encontros, desencontros e hallibut"

domingo, 15 de abril de 2007

Instantes decisivos

Por definição, aqueles momentos, mais ou menos dependentes do nosso livre arbítrio, que marcam um rumo a seguir.

Um comboio perdido, um despertador desligado, um café entornado… acontecimentos aparentemente insignificantes que têm o poder de mudar uma vida ao catapultarem uma sequência que eventos que conduzam ou afastem uma oportunidade de progredir na carreira, uma viagem de sonho, um grande amor…
Atribuam-nos a Deus, ao destino ou simplesmente ao acaso. Ocorrências tangentes, inesperadas, de que, na maioria das vezes, não conhecemos as implicações.
Ai, doce inconsciência…

Outros há que dependem exclusivamente da determinação da mente e da precisão dos gestos: um encontro propositadamente falhado, uma sms enviada, um sim, um não… Gestos simples, mas igualmente pujantes para comprometer o desfecho de um, ou dois, ou três, ou inúmeros enredos entrelaçados por um objectivo comum. Distinguem-se dos anteriores em consciência e intenção, num processo mais ou menos pacífico de avaliação de prós e contras para o ‘eu’ e, em função do grau de egoísmo de cada um, também para ‘o outro’.

Poucas são as certezas nesta dança de avanços e recuos. Nunca nos será permitido voltar no tempo ou saber o que teria acontecido se em vez da esquerda tivesse metido pela direita. São as regras de um jogo que pode ter recompensas muito grandes ou custos ainda maiores…

Escolhe-se, arrisca-se, conquista-se, perde-se, carregam-se umas culpas e libertam-se outras, choram-se lágrimas, largam-se gargalhadas… VIVE-SE!

Impossível evitar danos colaterais. A nossa natureza social, cruzada com a animal, a isso obriga no sentido da sobrevivência, a do corpo e da alma.

Para o Avô Abílio

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Ó PAh.. que chatice...

Por muito que custe a alguns arautos da política nacional o cidadão José Sócrates foi eleito pela expressa maioria do eleitorado nacional. Por muito que custe a outros, nem foi eleito pelo seu programa eleitoral mas, especulo eu, pelo desalento de uma direita (qual direita?) que traiu toda uma nação numa jogada de troca de cadeiras que roçou o ridículo. Por muito que custe, um país ressabiado deu-lhe os plenos poderes de uma maioria absoluta para que, pelo menos durante uns tempos, o circo políticozinho nacional acalmasse as suas palhaçadas. Por muito que nos ou vos custe, ele é primeiro-ministro indigitado em eleições livres e democráticas. Não consta que se tenha candidatado por ser engenheiro, engenheiro técnico ou por ter um curriculum académico brilhante. A malta votou no "Zé" porque, em boa verdade, era a única solução credível. E nisto dos votos, o povo não é nada estúpido. Substituindo-se ao povo, talvez insatisfeitos por uma qualquer decisão que lhes é desfavorável, alguns opinion makers da portuguese press lançam-se como feras procurando os defeitos do "Zé". É óbvio que o homem deve estar cheio de podres. É humano.. ainda por cima político. Mas roça o pior mau gosto ver o que um site de um semanário hoje (ontem - 11 Abril) publicava. Umas folhas em pdf com todos os contactos e dados pessoais do cidadão primeiro deste país. Entretanto, talvez alguém se tenha apercebido da borrada imensa, e ressurge o supra-citado ficheiro já com os dados mais sensíveis apagados. Continua a burrice pois o primeiro ficheiro ainda existe. Enfim. Não estará o jornalismo português a um nível ainda mais baixo que o dos nossos políticos? E que interessa à nação lusitana se o Sócrates foi bom ou mau aluno? Se é licenciado ou bacharel? Se pedia o título de dr. sem o merecer? Por mim tanto se me dá. Desde que como primeiro ministro seja bom, eficaz e sincero. Não vasculharemos o seu passado numa caça às bruxas que mais parece um julgamento de carácter em hasta pública e cujas motivações não serão seguramente as melhores. Não desmerecendo as da especialidade, o jornalismo político português está ao nível das revistas cor-de-rosa. E não parece que tão cedo daí saia. É uma chatice.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Tolerância

A forma de lidar com a diferença...

domingo, 8 de abril de 2007

Rabbits & Chocolat

Hoje o sol entrou pelos buracos da janela assinando com circulares raios de luz mais um equinócio. Celebram-se passagens para a liberdade e fugas dos egiptos, vitórias sobre a morte depois de grandes privações, comem-se ovos e chocolate glorificando as próximas colheitas que se querem melhores que as dos anos anteriores. Apela-se à fecundidade alheia. Os americanos celebram com orgias quasi romanas o seu "spring break". Os finalistas partem para paradisíacos destinos. Por cá fuma-se JPS no lamento da troca de maços e pensa-se no que ainda estará por vir. Adoro equinócios. Cenários de lua cheia que levam para bem longe o frio do inverno e trazem aquele quentinho bom onde os tops se mostram rasgados e as saias parecem cintos. Há um certo pre-determinismo epifiseal em tudo isto. Oxalá os meus córtices associativos ainda consigam controlar os impulsos mais primitivos se bem que há por aí quem diga que tenho o termostato avariado. São os tempos em que se baralham os destinos e se voltam a dar as mãos das cartas numa confusão facilmente previsível. Pergunto-me como estaremos quando acabar o verão...

Afinal de contas, o passado foi lá atrás. Boa páscoa! Curtam muito meus ressabiados!

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Uma paleta de cores

Cor é luz! Percepção óptica dos raios que um objecto reflecte, que penetra a pupila, atravessa a lente e pousa directamente na retina do olho. Estímulo para cones e bastonetes, que o tornam eléctrico e o fazem chegar ao occipital, onde ganha forma, e aos restantes córtices, onde ganha significado.

Tempero da realidade, em frequências e intensidades que variam em espectro contínuo do preto, ausência de luz que traduz o misticismo e o segredo, ao branco, cor da paz, da neutralidade, da pureza.

Existem em estado puro ou combinado. São puras o amarelo, que diz alegria, criatividade, energia, o ciano, cor da tranquilidade, da segurança, da clareza mental, e o magenta, que exprime paixão, combate e conquista.

Combinadas resultam em verde, a mais harmoniosa e calmante das cores, evocadora da esperança do equilíbrio e da vida, laranja, símbolo da tolerância, cordialidade e atracção, e violeta, a intuição, transformação, inspiração espiritual.

Imensidade de tons que derivam de uma pincelada mais forte de uma ou de outra, com identidades e efeitos muito próprios...

Prendamo-lo, Sr. Francesinhus, com esta paleta de cores para poder pintar um arco-íris de posts! :)

Os ressabiados deste blog desejam que o SEU DIA não seja passado a preto e branco!

Beijinho da menina e abraços dos meninos! :)

terça-feira, 3 de abril de 2007

The Power of Love

Sim, houve pelo menos 3 hits dos gloriosos anos 80 com este nome...
A propósito deste post, e uma vez que estamos em fase festiva e em plenas mostras de amor e afecto pelo próximo, apetece-me deixar aqui uma ideia, um pensamento, uma intuição, algo que gostava de partilhar com o painel deste blog e com os (alguns) leitores deste pasquim cibernético.
Não é notoriamente um ressabianço pois nem só de pão vive este blog. É uma experiência de vida, fruto de muita cabeçada na parede branca que invariavelmente punha em causa a necessidade imediata de hyrudoid para uma eficaz cicatrização da ferida amorosa...

Chamem-me o que quiserem, ainda por cima a escrever a rosa e tudo mas não podia deixar de dizer isto aqui a propósito de AMOR:

"amor não é nada mais do que dar ao outro não o que ele quer mas sim o que ele precisa..."

E pouco mais...

domingo, 1 de abril de 2007

Nem tudo é o que parece

Acácio, uma velha cegonha-preta reformada, habituada às hostilidades das regiões interiores e isoladas, a mais forte e mais experiente do bando, recorda hoje uma missão que cumpriu há pouco mais de um quarto de século.

Chegada a Primavera, os pedidos de herdeiros ao berçário celeste multiplicavam-se. O processo de selecção e distribuição das crias, bem como a organização do transporte decorrera dentro do que estava previsto.

Ambrósio, um maguari de alta competição, capaz de igualar em velocidade um falcão-peregrino, ficara encarregue de levar o ‘berço K’, por sinal o bebé mais resmungão que por ali passara nos últimos tempos. Para os mandarins importados directamente da Austrália que habitualmente cuidavam dos rebentos, foi um autêntico alívio. Constava-se que o catraio congeminava a revolução de toda a sala contra o leite em pó!

Embrulhou-o numa fralda alcochoada e resistente às diferenças térmicas das atmosferas, e partiu em direcção à morada indicada.
Regressou furioso poucos minutos depois, reclamando uma indemnização por danos morais. Então não é que o embrulho, mal haviam descolado, já lhe tinha arrancado um punhado penas do peito? Como poderia agora participar nos documentários do National Geographic?
Keminho regeressou ao berço K e ficou de castigo, em regime de isolamento durante 2 dias.

Fizeram-se os preparativos para uma nova viagem, rumo à que iria ser a sua casa de sempre. Escolheu-se para isso Gertrudes, uma cegonha-branca-oriental encantadora, com a mais sedutora penugem branca e peito de rola, cobiçada por todos os voadores dos céus.
Poucos minutos passaram até se aperceber que levava o malandro pendurado no decote!...
Escandalizada com o atrevimento, voltou para trás no mesmo instante, e só não largou a trouxa porque iria, certamente, para o desemprego.

Tentou a cegonha Júlio, Aurora, Agostinho, Francisca… Todos tentaram a proeza de levar o Keminho a casa, infrutiferamente…

Foi quando se contratou o Bob, uma musculada cegonha-de-storm, com óculos escuros e casaco camuflado. Bob não falharia a entrega daquele pestinha, pensavam todos.
A primeira meia-hora, o tempo suficiente para Keminho engendrar um plano, decorreu sem complicações. Bob já dava a tarefa por cumprida, quando o pequeno começa a contar uma história que ouvira às catatuas. Os sacis, mais conhecidos por cucos, preparavam uma armadilha a Bob naquela viagem. Nunca o perdoaram por não lhes ter emprestado o ninho, na época anterior!
A história era metade verdade, metade criação. O ressentimento dos cucos era verdadeiro, mas não a armadilha. E com isto, rapidamente convenceu a cegonha-de-storm a regressar ao berçário.

Não é que Keminho não quisesse chegar a casa, queria, mas na verdade, dava-lhe um certo gozo pôr todos à beira de um ataque de nervos!

Desesperados com a aproximação do prazo da entrega, foram então aconselhar-se com o velho Acácio. Ouviu, acariciou as barbas enquanto pensava e decidiu fazer ele mesmo a viagem! As articulações estavam um pouco enferrujadas e a caixa-de-ar reduzida a metade, mas não perdia nada em tentar.

Partiu no dia 1 de Abril, sobrevoando as margens do Douro e os taludes onde, ao sol primaveril, amadureciam os bagos de uva.
Acácio ia voando e trauteando histórias daquelas paragens, de conquistadores e conquistados, da abundância e de fome, de amores e desamores, que o catraio, de cabelo espetado e olhar de rufião, ouvia absolutamente extasiado. Remonta aqui o seu profundo respeito pela sapiência das barbas brancas.

Pernoitaram em terras de Alvarinho, que passariam a ser também as suas, as que haviam escrito a história dos seus antepassados.

À morada dos futuros papás, chegou no dia seguinte.
Acácio colocou-o à porta, adormecido num berço azul e branco que arranjara pelo caminho. Num alfinete-de-ama preso aos lençóis deixou um bilhete dizendo: ‘Nem tudo é o que parece!’.

Keminho tornou-se Kemo! De nome completo, Kemo Pan ResSabe.

Não se poupou a arranhões e nódoas negras, melhor, continua sem se poupar a arranhões e nódoas negras, e lá vai seguindo o seu caminho, meio perdido, meio encontrado, entre o devaneio e a realidade.

Os Parabéns e as prendas ficam por conta dos amigos. Nós, ressabiados deste blog, limitamo-nos a recordar-te que agora o arredondamento é para os trintas!...

Tenha um bom dia, Sr. Kemo Pan ResSabe! Especialmente hoje, o team d’ O Ressaibo brinda a si!...

Às voltas com a verdade...

a partir de amanhã sou um menino certinho. Feliz 1 de abril.