terça-feira, 18 de setembro de 2012


terça-feira, 29 de maio de 2012

Desobediência civil

As operações stop multiplicam-se. Não há dia em que não veja mais que uma. Autenticamente caça à multa. Não tem como objectivo disciplinar nem prevenir o que quer que seja. É só mesmo para meter dinheiro nos cofres do estado (ou das próprias polícias, para pagarem custos operacionais). Mas parece doentio. Nos sítios mais incríveis. A coisa está a chegar a tal ponto que ontem me veio à cabeça as palavras 'desobediência civil'. Quanto mais tempo até a malta começar a ficar com os nervos em franja e começar a desobedecer, a não ver autoridade nas polícias? A preparar manifestações violentas como temos visto na Grécia? Ontem só me apetecia dar a volta, estacionar o meu carro colado ao carro da PSP descaracterizado com o radar. Que me podiam eles fazer? Não deve ser proibido estacionar ali. Eles estavam lá. Ou será? A eles ninguém multa!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Triste 25 de Abril

Foram 40 anos de ditadura. E não era a ditadurazinha com que há distância do tempo se procura com alguma cosmética branquear a ausência de liberdade, os homicídios, as torturas e perseguições, as eleições fraudulentas, a diáspora forçada e a riqueza opulenta dos amigos do regime. Era uma Ditadura de "D" grande e maiúsculo por muito que a sua retórica assentasse na defesa da pequenez de espírito lusitana e na dignidade da pobreza. Um discurso que, aliás, o nosso presidente da república insiste em replicar e que se enquadra bem na linha da "suspensão temporária da democracia" já defendida pela sua Manuela Ferreira Leite. Mas mais não poderíamos esperar de um homem fraco de fibra política, sem ideais que não sejam a sua própria sobrevivência e que a 21 de Dezembro de 1967 se declarava na sua pidesca inscrição como "adepto" confesso do regime enquanto denunciava o próprio sogro pela "vivência" em segundas núpcias enquanto garantia que, com essa gentalha, ele não convivia. Dois anos antes, Humberto Delgado era assassinado por Rosa Casaco, personagem que viria a morrer, tranquilamente, na sua casa de Cascais em 2006. Delgado desafiara Salazar e o seu regime. E estava pronto para o derrubar. É a "fibra" que distingue os homens. E aquele que hoje preside às cerimónias que evocam o derrubar da ditadura e a instalação da democracia nunca a teve e é quase insultuoso à memória histórica de todos os que deram a sua vida por uma democracia em Portugal que tão gelatinosa figura seja o "senhor de cerimónias" de tão nobre data. 
Foram "quase" 40 anos de democracia. Eis-nos com Passos Coelho. Figura de carreira das juventudes partidárias e aclamado primeiro nos escombros do seu quase-gémeo. Ambos das jotas, licenciados aos trintas enquanto ocupam cargos públicos e ambos mais preocupados com a imagem que com o conteúdo. Assustador. De corrente neo-liberal, Passos ainda ensaiou o discurso de "salvação nacional", de "emergência" do estado para a seu coberto iniciar o desmentir das suas promessas eleitorais. Mas, em boa verdade, mentiu. E, de mentira em mentira, vai delapidando o estado social. Aquele que foi a única vitória com tradução concreta para o povo português do 25 de Abril. 

Porque a liberdade é muito bonita como conceito esotérico e subjectivo. Mas não é livre quem tem fome, não é livre quem não tem dinheiro para os seus medicamentos, não é livre quem não tem como pagar transportes de trás-os-montes para uma consulta na "cidade". 

E é por estes não-livres da democracia e em seu nome, em nome de todos aqueles que como o português de Viana do Castelo que ontem morreu, sozinho na sua diáspora, longe da mulher com uma neoplasia da mama em tratamentos constantes no IPO Porto e dos seus filhos, numa emigração forçada por não conseguir suportar as constantes deslocações ao Porto e a renda e o resto das contas, que os que fizeram abril viraram as costas ao menino-bem de Vila Real e ao seu séquito de jovens já reformados.

É que assim não há liberdade.  


PS: o povo de Vila Nova de Anha juntou-se para pagar a transladação e funeral deste português de 35 anos. O corpo chega hoje e vai a enterrar. No dia 25 de Abril. Com ele vai mais um bocadinho da democracia.

quarta-feira, 28 de março de 2012

A crise e as operações STOP

Há muito que não 'postava'. Bom sinal. Ter pouco com que ressabiar em tempo de crise é bom. Ou resultado do acidente e do internamento de longa duração. Aprendi porque é que doente e paciente são sinónimos. Mas há uma coisa que me está a corroer por dentro. E um tema já exposto tempos atrás, numa outra perspectiva.

Há uns três anos atrás começaram a pulular operações stop pela invicta, às sexta e sábado à noite no intuito de fiscalizar a alcoolometria dos condutores. Embora não concorde com a medida (acho sinceramente que só deviam ser fiscalizados os que demonstrem condução perigosa ou que cometam alguma (outra) contra-ordenação), pelo menos esta estava embuida de algum espírito preventivo e com efeito, comprovado ou não, na mortalidade e morbilidade.

Mas o que se observa nas últimas semanas é uma verdadeira caça à multa. Carros descaracterizados com detector de velocidade em zonas onde os limites de velocidade não fazem sentido (e a opinião não é só minha, que a minha vale o que vale). Estamos a falar em locais onde TODA a gente anda acima dos 50km/h e onde não há registo de acidentes! Estão lá só porque sabem que vão apanhar muitos condutores incautos! Caça à multa. Há que pagar a gasolina dos carros patrulha de alguma maneira!

É de tal forma escandaloso que há 3 semanas atrás houve um simpático condutor que, ao ver tamanha sacanagem, teve o cuidado e a paciência de dar a volta, colocar-se uns metros (e uma curva) atrás do radar, estacionar e fazer sinais com as mãos a todos os que circulavam para abrandarem!

Se há coisa que os momentos difíceis trazem é maior espírito de solidariedade! Ainda há esperança.