quinta-feira, 28 de junho de 2007

A montanha pariu um rato

Íamos ter, finalmente, uma legislação de controlo da intoxicação por tabaco de não fumadores. Íamos aproximar a nossa legislação áquilo que é feito por toda a Europa. Íamos tomar uma posição política fundamentada por decisões técnicas. Íamos aumentar a nossa civilidade. Íamos ter uma medida de saúde pública a bem de todos. Íamos...

O Governo anunciou que 'era desta', que não iria ceder a lobbys económicos, que não ia ceder aos fumadores inveterados que se acham no direito de empestar os locais de diversão de todos e de trabalho de alguns. E hoje anuncia, com pompa e circunstância, uma lei que não traz nada de novo. Espaços grandes já tinham lado para fumadores e para não fumadores, espaços pequenos já podiam 'escolher' entre serem espaços livre de fumo ou não. A nova lei nada de novo traz.

Sem fazer grandes estudos epidemiológicos, é fácil aferir que, e basta olhar para os restaurantes que têm lado fumadores/não fumadores, um grupo de várias pessoas basta ter um fumador, para logo irem para o lado dos fumadores. Basta ver a quantidade de papás fumadores que levam os seus filhos (devem ser aqueles que choram e fazem birras) para o lado impestado. E os trabalhadores dos restaurantes, bares e discotecas? Quem os defende? Esses passam dia após dia (ou noite após noite) em ambientes com teor de CO enormes, que poriam qualquer parque de estacionamento interdito ao uso.

O Governo cedeu à demagogia dos coitadinhos dos fumadores, que querem ver o seu direito a fumar onde muito bem lhes apetece.

Uma nota: o ano passado fui passear à Irlanda, país que introduziu legislação parecida à que íamos implementar há pouco tempo, também com alguma (menos) contestação da classe fumadora. O que eu vi foram bares livres de fumo, com meia duzia de pessoas a dar umas passas à pressa no alpendre, a voltarem para dentro para se divertirem. São eles os primeiros a aplaudir os resultados dessa legislação. O tabaco sabe-lhes muito melhor (não mantêm níveis constantes de intoxicação provenientes do fumo dos outros) e não chegam a casa com a roupa a cheirar mal.

Só aqui o Zé Povinho é que quer continuar a ser incivilizado.

Nota do autor: Confesso-me um, cada vez mais, fundamentalista em relação a esta problemática.

2 comentários:

bez disse...

fundamentalista... é pouco... ;)

Filid disse...

Tu fundamentalista?!?!!? Nao... é impressão nossa!