quinta-feira, 31 de maio de 2007

Lusomundo

Ontem fui ao cinema aqui em Lisboa. É certo que estou mal habituado aos cinemas do Porto (leia-se Gaia). Cliente fiel do AMC (actual qq coisa), assumo que estou mal habituado. O que me chateia não é a falta de ecrã côncavo, não é o som fatela, não são os lugares marcados, não sõ os bancos menos confortáveis. O que não admito é ter pago 5,40€ para ver um filme, ter as apresentações de novos filmes antes da hora marcada, e à hora do filme inicia uma sessão de 10m de publicidade. E não dá para mudar de canal.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Mais HSJ

Ter falado no post anterior no antigo enfermeiro director fez-me lembrar um post que já andava na calha há uns tempos. A história do parecer do Tribunal de Contas (TC) sobre a construção do centro comercial dentro da cerca do HSJ, seu contrato, suas adendas e exploração do parque de estacionamento.



Resenha histórica (perdoem-me qualquer incorrecção, que a idade já pesa).
Na década de 90, o Prof. Fleming Torrinha, à altura director do HSJ, lança concurso internacional para a construção de um hotel dentro da cerca do HSJ, em que o Hospital ficaria com um certo número de camas para alojar doentes e a entidade construtora geriria comercialmente as restantes camas. Faz sentido, porque temos muitas vezes a necessidade de internar no dia anterior a qualquer procedimento, doentes provenientes do interior do País, que necessariamente precisariam de estar no HSJ às 8h30m. Ora um doente de Bragança para estar no HSJ às 8h30 precisaria de sair de sua casa por volta das 4h00. O que se faz é internar esse doente no dia anterior. Uma cama hospitalar de hospital central custava à altura qq coisa como 35c/noite. Sai muito mais barato ao hospital alojar esses casos num Hotel por si contratado, ainda para mais com uma proximidade geográfica tão próxima. Concurso feito, empresa escolhida. Passam os anos, por problemas burocráticos. Ora são as árvores que são centenárias, ora as autorizações que não chegam. O consórcio vencedor tem como área de negócio também a exploração de parques de estacionamento. Toca a dar à exploração também o parque de estacionamento do HSJ em troca de autorização de construção de um parque por baixo do Hotel e umas lojas no piso térreo do Hotel. Adenda em adenda, a construtora acaba por construir um grande centro comercial, um hotel, um parque de estcionamento, tudo à sua exploração e consegue ainda a proeza de pôr o HSJ a pagar um x por cada carro estacionado no seu (seu, do HSJ) parque de estacionamento, visto estar a ser explorado por si. Explorado significa também fazer manutenção. Eu conheço o parque desde 93 e desde 93 que o parque parece a superficie lunar. Mas desvio-me do tema. Por problemas com o parque, de expulsão dos seus utentes para dar lugar às chefias (que estacionavam apenas das 10h às 11h, realidade felizmente em modificação) foi criada uma Comissão de Utentes (aqui não vou usar iniciais que parece mal). Essa comissão, uma das coisas para que alertou veementemente foi para o contrato desastroso que a administração da altura do HSJ estava a fazer com a BragaParques. Tal forma que o director da altura até ficou conhecido como Jaime do Parque (Dr. Jaime Duarte).

Algumas administrações depois, finalmente alguém se lembrou de enviar aquilo para o Ministério Público, de tão escandaloso que era. O HSJ já estava a pagar mais ao consórcio pelo uso do seu parque pelos seus funcionários, que o consórcio tinha de pagar ao HSJ como renda do terreno onde construio um Centro Comercial, Hotel e Parque de Estacionamento. Administração prontamente substituida. Agora, 7 anos depois, vem o Tribunal Constitucional dizer aquilo que qualquer criança (nós) dizíamos em voz alta.

O que me chateia mais é que as pessoas responsáveis por esses acordos, pelas negociações, assinaturas e avalizações, continuarem à frente de instituições públicas a gerir os nossos (parcos) milhões de €. Nem quando a coisa é escandalosa há acções práticas preventivas para que não volte a acontecer.

Greves

Será que não vamos nunca deixar de viver numa sociedade em que cada actor social lê os eventos sociais a seu bel prazer, sem o mínimo de rigor, sem objectividade, sem honestidade?

Greve hoje. 1h30 no carro para chegar ao trabalho. Percurso normalmente feito em 20m. 40m na pior das hipóteses, em caso de acidente. Muito tempo para ouvir a TSF. Muito tempo para me irritar com os dislates. Não sei o que me chateia mais. Se ouvir o ministro a dizer que tirando situações pontuais, todo o país está a funcionar com normalidade. Depois de termos ouvido o estado do trânsito em Porto e Lisboa, os metros que não funcionam, os cacilheiros, os transportes públicos em geral, uma data de grandes fábricas. São muitos pontos. É um deserto de pontos.

Mas o outro lado, do sindicalismo, também me irrita. Principalmente ter ouvido o 'saudoso' (aspas irónicas) Enf. José Azevedo, do sindicato dos enfermeiros do Norte, e antigo Director Enfermeiro do Hospital de S.João (HSJ) dizer que neste hospital ainda só tinha os dados do turno da noite, e que neste turno a adesão à greve ter sido de 100%. Apenas funcionaram os serviços mínimos. Urgência e apoio ao internamento. Pergunto, o que mais raio há a funcionar no hospital a essa hora (turno da noite)?

Estatística é a tortura que se faz aos números para eles dizerem aquilo que queremos. Temos de fazer uma Convenção de Genebra para os números. Temos de começar a ser mais sérios.

domingo, 27 de maio de 2007

Amores e Humores

De braços dados e costas desavindas lá vêm e vão os amores e os humores num corropio de looping de montanha de espaço de entertenimento supostamente infantil que entretem bem mais os mais velhos. Esses que pagam as mensalidades dos créditos mal parados para se mostrarem nas numerosas feiras de vaidades dos tempos contemporâneos. Confesso-me acrédito bancário e de crédito pessoal bastante questionável nas histórias dos amores. A culpa é dos meus humores. Humores que de tão instáveis se tornam imprevisíveis e que de tão inconstantes se tornam perturbantes até para o próprio. Humores que me tolhem a consciência com o peso de toneladas quando se remexe o tempo que já não volta atrás. Humores com a leveza de uma pena no vasculhar dos escritos antigos. Humores que se contradizem no mesmo instante. Humores que animam. Humores que ferem de morte. Humores que enlutam a alma ou humores que alegram os espirítos. São os humores... Piores os dos outros. Humores de amores que já foram. Humores indiferentes ou torturantes e vingativos. Humores que perturbam. Sempre. Ficam os amores presentes mesmo quando ausentes. Amores que elevam humores aos cumes da estupidez das joviais paixonetas. Amores que dão o sorriso parvo e fazem de ti o riso alheio. Amores que embriagam humores. Humores embriagados que acabam em amores. Amores que são o que parecem. Amores que nem parecem o que são. Amores de uma noite e amores de uma vida. Humores enebriados e humores sóbrios. Falsos humores e verdadeiros amores. Enfim... Amores e Humores.
Boa sorte com os teus.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Seja bem-vindo, Sr. Filid!

Num momento em que se repetem cenários pidescos, o desemprego chegou a níveis tão altos como os anteriores ao 25 de Abril, diariamente somos bombardeados com noticias de maus tratos de todos os tipos a crianças de todas as idades, as empresas contraem cada vez mais dívidas e até os Japoneses compram a nossa maior empresa de tomate, em que queimadas as fitas, se queimam agora as pestanas, a polinização das gramíneas atormenta os ‘hipersensíveis’ e nem o S. Pedro colabora com dias claros e amenos, há muito que ressabiar!

Por isso, Sr. Filid, seja muito bem-vindo! Calce os chinelos, acomode-se confortavelmente no sofá com um computador por perto e escreva connosco!... Sem norte e sem regra! :)

domingo, 20 de maio de 2007

Tchim, tchim

Acordei com o som de uma sms que se juntou a outras que não ouvi chegar durante a noite.
Tentei descolar as pálpebras ruborizadas que, pelos epicantos, expelem resquícios de uma conjuntivite alérgica e abri a janela… Um dia cinzento e frio. Ao menos hoje o S. Pedro podia ter-me feito a vontade com um dia claro e solarento…
Ao fundo do quintal, o meu pai debate-se por entre os ramos de uma cerejeira para colher uma cesta de fruta…

Este ano, achei que todos se iriam esquecer deste dia. Palavras injustas estas minhas! Devo dizer antes, muitos dos que eu não queria que se esquecessem…
Se os carinhos inesperados são tão deliciosos, os esperados, mas que não vêm, doem proporcionalmente …

Não fiz planos alguns, mas o dia vai a meio e tudo pode acontecer!

Aos 24 anos deparo-me com mil e um caminhos. Tenho todo o tempo do mundo para me perder e me voltar a encontrar…

Não podia deixar de partilhar este dia também convosco, meus queridos Ressabiados, que, nos últimos meses, tão pacientemente têm contido as minhas expressões de sentimentalismo e desesperança… Obrigado!

Tchim, tchim… Parabéns a mim!... :P

sábado, 19 de maio de 2007

Os destinos de Makafur - O Fim

Depois de lutas sem vencedores e só de vencidos, Makafur contempla ao longe o "fim". "O fim" que se ergue numa aura de desolação e irónica tristeza que nem ele nem eu conseguimos entender mas que nos entrega na certeza que um "princípio" há-de vir por aí. Se bom ou mau pouco importa. Não se espera algo de bom numa história, ainda que sem estória, lusitana. Se fosse alegre não seria das terras da "saudade" seguramente.

Nunca quisera partir porque também nunca quisera cá chegar mas agora que "o fim" ou o "princípio" lhe tolhem o ser Makafur sabe que tudo irá mudar nas baldrocas dos fados do bandido do tempo, esse que nos rouba à eternidade e nos tolhe de morte na perenidade dos seres. Fica a consolação que o "teu" fim é sempre o princípio de alguém...

FIM.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Não, Sr. Professor, não estamos na tv!!

É em dias como estes que me alegro de estar tão perto de concluir a licenciatura.
Iniciei há 2 semanas um dos principais blocos do 6º ano, que se compõe por 5 módulos.
Cheguei na 2ª feira pós-queima ao 5º piso do HSJ para iniciar um deles. Um serviço catita, pintado de fresco, com portas de correr e paredes estrategicamente decoradas com réplicas de quadros dos mais famosos pintores mundiais… Manifesta preferência por Vieira da Silva…
Prevenida quanto à exigência horária do Sr. Professor, lá estava eu por volta das 8h da manhã, encostada à parede, à espera da reunião de apresentação.
Começou por volta das 8:30, altura em que todo o meu grupo de trabalho, constituído por 7 elementos, se reuniu na biblioteca para receber as instruções. Assinámos folhas e mais folhas onde precisamente definimos o local em que cada um de nós estaria a cada momento, não fosse o Sr. Professor perder-nos o rasto. As câmaras de vigilância só cobrem o corredor central!...
Posto isto, começámos a trabalhar.
Avisados que era importante que o Sr. Professor ‘nos visse’ no Serviço por volta das 8h, reunimo-nos no corredor a partir dessa hora, à espera da visita ao Serviço que, até hoje, só aconteceu no 1º dia.
Esperávamos pelo refeitório ou pelos corredores até cerca das 9h-9:30h, altura em que começavam as restantes actividades para que nos tínhamos distribuído.
Hoje, cansada deste ritual inglório, quase que tinha decidido chegar mais tarde… Num enorme esforço matinal para me levantar meia-hora mais cedo que o habitual, sem disfarçar a má disposição, lá me despachei a tempo de cruzar as portas envidraçadas à hora marcada.
O Sr. Professor andava desde as 7:10h a tratar das burocracias que, na qualidade de Director de Serviço, lhe competem. Dirigiu-me um bom dia e encaminhou-me para o refeitório onde deveria aguardar pelos meus colegas e pela dita visita ao serviço.
Certa de que nenhum deles chegaria a tempo, mandei sms para que se apressassem… talvez isso nos poupasse ao sermão do costume.
Mas não, dando pela falta de dois dos elementos do grupo, começa o discurso sobre cumprimento do dever e dos maus hábitos que trazemos dos outros serviços, num tom de moralismo frouxo que me nauseou de cólera.
Tentei explicar-lhe que os 2 colegas já tinham realizado tudo quanto era suposto e que, estariam a elaborar o relatório para entregar amanhã. Informou-me que o nosso horário é das 8h-14h e que a faculdade não é funcionalismo público…
Ainda agora me custa perceber a lógica do seu raciocínio. Cerrei as mãos nos bolsos da bata para controlar a língua e não acabar como o meu amigo transmontano de que já vos falei uma altura, por motivos bem similares… Tenho muito respeito pelas pessoas, mas muito pouca paciência para amuos de quem se acha dono da razão. Pedir-lhe desculpa por algo de que não iria gostar de ouvir, para que me assinasse a caderneta de gestos que em consciência e de forma séria realizei, era algo que, decerto, não iria fazer…
Sobejam-me argumentos que destronam a concepção, que afinal é só dele, de que dirige um Serviço modelo. Primeiro, se conhecesse o regulamento da cadeira saberia que o horário da prática clínica é das 8:30h às 13h. Mais, se tivesse ideia do que é, ou deveria ser, o ensino universitário, não implementava um sistema de picar o ponto, e ser-lhe-ia indiferente fazermos o trabalho das 8h-14h ou das 14h-19h… Se ao menos nos ensinasse alguma coisa… são os próprios assistentes que compactuam com o facilitismo a que nos fomos habituando, e que sugerem que venhamos para casa estudar o Harrison…
Pois é Sr. Professor, a deixa do ‘funcionalismo público’ terá sido um acto falhado que tão bem representa a actividade do seu pequeno reino? Como é possível que a visita aos doentes do Seu Serviço dependa exclusivamente da Enfermeira Isabel, a única que realmente sabe o que se passa com cada um…
Nem os que consigo trabalham o levam assim tanto a sério… Vão-lhe batendo nas costas, encolhendo os ombros e acatando os seus caprichos na base do ‘não estou para me chatear’…

Pediu que chamássemos os colegas que faltavam, que vieram de casa, para os mandar embora em seguida depois de confirmar que, efectivamente, já tinham feito tudo quanto deviam…

Lamento não lhe ter dito tudo quanto gostaria… Mas também eu não estou para me chatear...

segunda-feira, 14 de maio de 2007

O rescaldo

Terminou ontem mais uma comemoração da Queima das Fitas da Universidade do Porto, uma semana de festa de índole académica e um forte cunho praxístico, que anualmente se realiza no início do mês de Maio. Quase tudo vale na celebração do fim de mais um ano lectivo que, se para uns tem o doce sabor da chegada, para outros tem o travo amargo da partida.

Pára a cidade em favor deste movimento… Choram as pedras da calçada ao som das serenatas em forma de fados… pintam-se ruas do negro que realça pinceladas multicolores, em representação das ciências, letras ou artes… ecoam cânticos, com intensidade máxima até à rouquidão, ao despique por uma ou outra casa… estabelecem-se espaços para festejos asterixianos, à moda gaulesa ou romana, com música, bebida e comida, de todos os tipos e para todos os gostos…

Ri-se, chora-se, dança-se, canta-se, bebe-se muito, pensa-se pouco, encontram-se pessoas, perdem-se outras, em gestos incandescentes que, em absoluto, se reduzem à filosofia do presente.

Despedi-me, sem lágrimas, desta que foi a minha última queima e também os melhores anos da minha vida…
Senti-me feliz por poder partilhar estes dias com os que me são mais queridos. De alguma forma e em algum instante, todos estiveram presentes.

Parei tempo e espaço a fotografar pessoas, lugares, momentos, para que no rescaldo, depois de esmorecida a chama, restem na forma de memórias religiosamente guardadas na caixinha que, em compasso binário, me bate a meio do peito… eternas e imutáveis, qualquer que venha a ser o cenário…

terça-feira, 1 de maio de 2007

Os destinos de Makafur - O duelo

Confronta-te a ti mesmo. És mundano, frívolo e impulsivo. Escondes-te do duelo contigo próprio porque és cobarde. Vence-te no trabalho. Eleva a taça do recibo mensal. Conforta-te nas fnacs do mundo inteiro. Foge em voos de low costs para destinos que não são o teu. Não navegues na imensidão de ti mesmo. Acomoda-te, recosta essa couraça durida em cadeiras massajadoras de alternadeiras. Rende-te à frieza das estatísticas e perde essa estúpida ilusão libertária que te consome. Sê útil aos outros no sacrifício de ti mesmo. Compra um despertador e um relógio. E um GPS e um telemóvel topo-de-gama e um carro e uma cabana e vai aos saldos. Cumpre. Sê sério e razoável. E vota em consciência alheia.
Irritas-me! Irritas-me porque sonegas os pressupostos da lógica quotidiana. Irritas-me pelo que podias ser e não és só porque não queres ou não te apetece ser. E ser é tão difícil. E eu queria ser como tu ou parecido e não consigo. E o que és? Nada! Que "nada" de atrevimento essa tua pouco escrupulosa lata de te me opores. Eu que tudo sou! Eu que cumpro, eu que tenho um relógio distinto e uma bússula digital que me guia até na escuridão. Eu que tenho barba e cabelo religiosamente alinhados? Eu que me ajoelho nas cerimónias osculatórias dos falos alheios? Eu que me fiz em sacrifícios do corpo em busca de um trono?
Por isso desafio-te num duelo de "tudo ou nada", numa roleta do destino decidida nos espadachins da razão e da emoção. Será deus ou Deus o "coupier" que nos baralhos dos nossos destinos se vai rindo das nossas fortunas ou ruinas?

O que conta no universo é mesmo o paraíso no teu olhar..