quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Gripe A

Tem sido questionado, principalmente com origem em Espanha, sobre a honestidade do pânico lançado sobre esta gripe A.

Se houve uma estratégia pensada e concertada pela indústria farmacêutica sobre este problema, não sei, mas se houve, quero-lhes agradecer.

Sem dúvida que este pânico é infundado. A gripe do ponto de vista clínico não é grave. É uma gripe como tantas outras que nos afectam todos os anos. O perigo desta gripe não é a nível individual, mas a nível colectivo, de sociedade. A diferença desta gripe para a gripe sazonal é que vamos ter muito mais gente com gripe (30% da população irá ter gripe durante os próximos meses, contra os 5 a 8% nas gripes sazonais) e gente mais jovem (portanto, o tecido produtivo). O medo é que este 1/3 de população fique doente mais ou menos ao mesmo tempo. O medo é que o absentismo provocado pelos trabalhadores doentes ou a cuidar de familiares paralize as empresas. Por isso é que foi feita a fase inicial de contenção (com identificação e isolamento de cada doente, com a quimioprofilaxia de todos os conviventes), não pela perigosidade da doença, mas para atrasarmos a epidemia de modo a que as empresas pudessem fazer os seus planos de contingência.

Mas a comunicação social confunde tudo, como sempre. Fala dos casos individuais, de cada um, do tamiflu como se fosse um remédio milagroso. The usual...

Mas se há vantagens a tirar desta paranoia é termos a população muito mais vulnerável a informação importante para combatermos a evolução desta pandemia. Para atrasarmos a progressão da doença, para que não fiquemos todos doentes ao mesmo tempo, bastam regras de higiene pessoal e de instalações que já deviam há muito fazer parte do nosso dia a dia. Mas que por facilitismo, ignorancia ou economicismo são esquecidas, não são valorizadas, são tidas como manias.

Se há ganhos com esta paranoia, são as escolas que vão deixar de facilitar na colocação de sabão nas casas de banho (frases como 'não ponho porque as crianças estragam' desaparecem). Limpeza das instalações do sector da saúde passam a ser feitas com mais cuidado (com o cuidado que merecem e que nunca devia ter sido descurado). As pessoas em geral passam a lavar as mãos mais frequentemente e mais eficazmente. Os pais deixam de mandar crianças com febre para a escola porque não querem/podem faltar ao seu próprio emprego.

Vamos ver quanto tempo dura este sol. Se com isso conseguirmos formar uma geração de crianças para regras de higiene, pode ser que o resultado seja sustentado no tempo. A ver vamos.

Mas para já agradeço à industria farmaceutica que conseguiu por os portugueses a discutir e aprender regras de higiéne básicas.

3 comentários:

Freddy disse...

Até eu já lavo as mãozinhas e tudo...

McCap disse...

Mas provavelmente não as deves lavar bem... E se fôssemos falar nas restantes regras de higiene...

Fallen disse...

Clap, clap, clap, clap!! Muito bem dito Boss!!