terça-feira, 3 de julho de 2007

… ainda em Português!

Pegando no conceito de ‘mentalidade de atrapalhar’ de que se falava no post anterior, conto uma história que ouvi quando era ainda bem pequenina (… mais pequenina!) sobre a ‘mentalidade de criticar’...

Há muitos anos, numa aldeia de Trás-os-Montes, havia um velho moleiro que fazia a distribuição da farinha pelas povoações vizinhas.
Assim, uma vez por semana, o moleiro, ajudado pelo neto, carregava o burro com sacos de farinha, e lá seguiam para a venda.

Ao chegarem à aldeia mais próxima, passaram por um grupo de lavadeiras que lhes disse: ‘Oh Senhor, então o moço, com tão boas pernas, vai montado no burro, e o moleiro, já velho, é que vai a pé?

Envergonhados com o comentário, decidiram não parar ali. Trocaram de posições e continuaram em direcção à aldeia seguinte.

Aproximavam-se do adro da igreja quando um grupo de homens entretidos nas damas, gritou: ‘Olhem para ali, se tem algum jeito… um homem daquela idade a cavalo do burro, e a criancinha é que vai pé!!

Mais uma vez, surpreendidos pela observação, continuaram caminho sem fazer negócio, rumo à aldeia seguinte.

Desta vez, para evitar qualquer tipo de reparo, ambos viajavam a pé e o burro apenas transportava a carga.
Apregoavam o produto junto do café, quando ouviram os clientes que comiam tremoços na esplanada cochichar: ‘Grandes lorpas! Então vêm os dois a pé, e vai o burro folgado só com a farinha!

O moleiro e o neto nem ouviram até ao fim. Montaram os dois o burro e seguiram o mais rapidamente para a última aldeia da freguesia.
Atravessavam junto ao pátio da escola primária quando algumas jovenzinhas que ali jogavam a macaca, recriminaram: ‘Estão a atentar contra os direitos dos animais! Pobre burro que tem que carregar com os sacos e, ainda por cima, também convosco!!

Então, o velho e a criança, absolutamente baralhados com tudo quanto tinham ouvido, voltaram a casa, sem um único tostão!

A história é simples e popular, e ‘quem a conta, acrescenta-lhe sempre um ponto’. Através do tempo, conserva a moral, que saída da boca do povo, é tão majestosamente sábia como a que nasce da mão de qualquer Pessoa… Concluam a que muito bem entenderem! ;)

1 comentário:

McCap disse...

Nunca se pode agradar a Gregos e a Troianos.