quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Materiais clínicos reutilizados para poupar

Juro que não entendo quando é que vai haver uma verdadeira oposição a este Ministro. Nunca nenhum Ministro disse tanto dislate e fez tanta asneira sem que a comunicação social ou a sociedade civil tenha dado a conhecer a sua discordância. Pode ser porque os laranjas não têm sucessão credível (LFP outra vez não, p.f.) e com este a gente já sabe com o que conta.

Acordei hoje com o noticiário da TSF com uma reportagem resultante de um texto publicado no Correio da Manhã. A origem do texto não abona muito a seu favor, mas lá inquiriram o Dr. Correia de Campos (vamos pôr o título honorífico, não vá o homem despedir-me) sobre se era verdade que houve hospitais a reutilizar materiais supostamente descartáveis. A resposta foi algo como que sim, que aconteceu, mas que já não acontece mais porque a sua Inspecção Geral da Saúde (a polícia dos médicos e enfermeiros, provavelmente aqueles que nos acusam de não lavarmos as mãos) soube e actuou em tempo útil. Justificação das administrações hospitalares envolvidas? Foi por causa dos constrangimentos financeiros, e nem considerámos que fosse um perigo. Claro... Cada agulha em vez de ser usada uma vez, usa-se duas. Pelo sim, pelo não, usa-se primeiro numa criança, que tem menos probabilidade de ter uma doença contagiosa, e depois manda-se a agulha para a Urgência de adultos.

É o que dá pôr (maus) gestores à frente das unidades de saúde. Os clientes pagam mal, o produto não precisa ser de grande qualidade. Quer agulhas descartáveis, vá à privada.

Em muitas empresas, os seus gestores 'obrigam' os seus funcionários (e bem) a usar as folhas dos dois lados, de modo a pouparem no papel. Para a saúde não se pode trazer essas fórmulas de sucesso...

A responsabilidade dos gestores públicos nos Hospitais é do Ministro, a fúria de cortes orçamentais também, a paranoia que se tem de poupar em tudo, do clip ao material cirúrgico, também.

Isto de um ministro que há bem pouco tempo nos aconselhava a guardar os medicamentos fora de prazo num saco-plástico para dar aos pobrezinhos.

Num país em que a população idosa escolhe na farmácia, entre os medicamentos prescritos pelo seu médico, aqueles que leva, porque não tem dinheiro para todos, devido às baixas reformas e à diminuição progressiva das comparticipações, deveria ser considerado inaceitável tal afirmação ministerial. Já houve tempos em que ministros caíam apenas por fazer piadas sobre a reciclagem do alumínio.

Este Senhor Professor Doutor asneira e goza impunemente. Peço sinceramente ao PSD que arranje rapidamente escolha credível para que o PS pie mais fininho.

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