terça-feira, 1 de maio de 2007

Os destinos de Makafur - O duelo

Confronta-te a ti mesmo. És mundano, frívolo e impulsivo. Escondes-te do duelo contigo próprio porque és cobarde. Vence-te no trabalho. Eleva a taça do recibo mensal. Conforta-te nas fnacs do mundo inteiro. Foge em voos de low costs para destinos que não são o teu. Não navegues na imensidão de ti mesmo. Acomoda-te, recosta essa couraça durida em cadeiras massajadoras de alternadeiras. Rende-te à frieza das estatísticas e perde essa estúpida ilusão libertária que te consome. Sê útil aos outros no sacrifício de ti mesmo. Compra um despertador e um relógio. E um GPS e um telemóvel topo-de-gama e um carro e uma cabana e vai aos saldos. Cumpre. Sê sério e razoável. E vota em consciência alheia.
Irritas-me! Irritas-me porque sonegas os pressupostos da lógica quotidiana. Irritas-me pelo que podias ser e não és só porque não queres ou não te apetece ser. E ser é tão difícil. E eu queria ser como tu ou parecido e não consigo. E o que és? Nada! Que "nada" de atrevimento essa tua pouco escrupulosa lata de te me opores. Eu que tudo sou! Eu que cumpro, eu que tenho um relógio distinto e uma bússula digital que me guia até na escuridão. Eu que tenho barba e cabelo religiosamente alinhados? Eu que me ajoelho nas cerimónias osculatórias dos falos alheios? Eu que me fiz em sacrifícios do corpo em busca de um trono?
Por isso desafio-te num duelo de "tudo ou nada", numa roleta do destino decidida nos espadachins da razão e da emoção. Será deus ou Deus o "coupier" que nos baralhos dos nossos destinos se vai rindo das nossas fortunas ou ruinas?

O que conta no universo é mesmo o paraíso no teu olhar..

3 comentários:

alter ego disse...

Na pequenez e fragilidade que sou, ouso responder ao duelo de Makafur, não em meu nome, mas pela mão de alguém…

Irrito-te e irrito-me… Se ser é difícil, ‘ser’ sob as normas sociais, constituídas ou latentes, mas que de qualquer forma não são minhas, ainda mais…
A minha liberdade de espírito transcende-as e cumpre-as em gestos de indiferença.
Nem sempre é pacífico, mas as tempestades fazem-se e desfazem-se com a ‘razão’ de caminhar no sentido de um propósito maior… a bonança na minha consciência, de mim para comigo, muito mais do que para os outros…

Oponho-te porque sou Yin e tu Yang, e não entendo a paixão da entropia dos corpos e das almas… oponho-te pelo ‘nada’ que sinto à volta…

Sobrevivo e sou feliz … HÁ UM PARAÍSO NO MEU OLHAR!

Sem vencedores neste duelo, passemos ao combate seguinte… Se eu te firo a razão, tu feres-me o coração…

Unknown disse...

não tem nada a ver com o post, mas é um conjunto de noticias que interessa particularmente a falange de ressabiadores mais vetusta e revolucionário-jacobina:
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=13&id_news=274523

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1292885&idCanal=63

http://www.negocios.pt/default.asp?Session=&SqlPage=Content_Economia&CpContentId=295179

(afinal sempre tinhamos razão..)
"Burn in Hell, Jaime Du Parq"

Anónimo disse...

Não tenho nada.
Eu não sou nada, não sou ninguém.
Não tenho nada
E queria ter este mundo e outros
E não sou nada…
E queria ser amado
Por este mundo e por lá de além

Querendo ter este mundo e outros
é o simples nada
que de mão beijada
me oferece Tudo o que aspirei.
E querendo por outros mundos ser amado
Abro os olhos
a todo o indelével amor
que altivo nao olhei

E tu nao és nada.
nao tens nada, nem és alguém.
Tens apenas
Esse nada
Que é tao Tudo
Esse sólido odor a Mundo
E te faz ser só Tu.
E mais ninguém