quarta-feira, 30 de maio de 2007

Mais HSJ

Ter falado no post anterior no antigo enfermeiro director fez-me lembrar um post que já andava na calha há uns tempos. A história do parecer do Tribunal de Contas (TC) sobre a construção do centro comercial dentro da cerca do HSJ, seu contrato, suas adendas e exploração do parque de estacionamento.



Resenha histórica (perdoem-me qualquer incorrecção, que a idade já pesa).
Na década de 90, o Prof. Fleming Torrinha, à altura director do HSJ, lança concurso internacional para a construção de um hotel dentro da cerca do HSJ, em que o Hospital ficaria com um certo número de camas para alojar doentes e a entidade construtora geriria comercialmente as restantes camas. Faz sentido, porque temos muitas vezes a necessidade de internar no dia anterior a qualquer procedimento, doentes provenientes do interior do País, que necessariamente precisariam de estar no HSJ às 8h30m. Ora um doente de Bragança para estar no HSJ às 8h30 precisaria de sair de sua casa por volta das 4h00. O que se faz é internar esse doente no dia anterior. Uma cama hospitalar de hospital central custava à altura qq coisa como 35c/noite. Sai muito mais barato ao hospital alojar esses casos num Hotel por si contratado, ainda para mais com uma proximidade geográfica tão próxima. Concurso feito, empresa escolhida. Passam os anos, por problemas burocráticos. Ora são as árvores que são centenárias, ora as autorizações que não chegam. O consórcio vencedor tem como área de negócio também a exploração de parques de estacionamento. Toca a dar à exploração também o parque de estacionamento do HSJ em troca de autorização de construção de um parque por baixo do Hotel e umas lojas no piso térreo do Hotel. Adenda em adenda, a construtora acaba por construir um grande centro comercial, um hotel, um parque de estcionamento, tudo à sua exploração e consegue ainda a proeza de pôr o HSJ a pagar um x por cada carro estacionado no seu (seu, do HSJ) parque de estacionamento, visto estar a ser explorado por si. Explorado significa também fazer manutenção. Eu conheço o parque desde 93 e desde 93 que o parque parece a superficie lunar. Mas desvio-me do tema. Por problemas com o parque, de expulsão dos seus utentes para dar lugar às chefias (que estacionavam apenas das 10h às 11h, realidade felizmente em modificação) foi criada uma Comissão de Utentes (aqui não vou usar iniciais que parece mal). Essa comissão, uma das coisas para que alertou veementemente foi para o contrato desastroso que a administração da altura do HSJ estava a fazer com a BragaParques. Tal forma que o director da altura até ficou conhecido como Jaime do Parque (Dr. Jaime Duarte).

Algumas administrações depois, finalmente alguém se lembrou de enviar aquilo para o Ministério Público, de tão escandaloso que era. O HSJ já estava a pagar mais ao consórcio pelo uso do seu parque pelos seus funcionários, que o consórcio tinha de pagar ao HSJ como renda do terreno onde construio um Centro Comercial, Hotel e Parque de Estacionamento. Administração prontamente substituida. Agora, 7 anos depois, vem o Tribunal Constitucional dizer aquilo que qualquer criança (nós) dizíamos em voz alta.

O que me chateia mais é que as pessoas responsáveis por esses acordos, pelas negociações, assinaturas e avalizações, continuarem à frente de instituições públicas a gerir os nossos (parcos) milhões de €. Nem quando a coisa é escandalosa há acções práticas preventivas para que não volte a acontecer.

2 comentários:

bez disse...

infelizmente, é o país que temos...

Unknown disse...

A situação do "parque" mais do que escandalosa roça na minha modesta opinião de aprendiz: o criminosa...
O problema é que neste pais isso é modus operandi em "gestões" da res publica. Como com qualquer inimigo/ problema só ha um rumo a tomar, pegar nas armas e atacar. Neste caso reunir dados e factos e pôr em tudo o que é interveniente e (ir)responvel no processo em tribunal!!!