O rescaldo
Terminou ontem mais uma comemoração da Queima das Fitas da Universidade do Porto, uma semana de festa de índole académica e um forte cunho praxístico, que anualmente se realiza no início do mês de Maio. Quase tudo vale na celebração do fim de mais um ano lectivo que, se para uns tem o doce sabor da chegada, para outros tem o travo amargo da partida.
Pára a cidade em favor deste movimento… Choram as pedras da calçada ao som das serenatas em forma de fados… pintam-se ruas do negro que realça pinceladas multicolores, em representação das ciências, letras ou artes… ecoam cânticos, com intensidade máxima até à rouquidão, ao despique por uma ou outra casa… estabelecem-se espaços para festejos asterixianos, à moda gaulesa ou romana, com música, bebida e comida, de todos os tipos e para todos os gostos…
Ri-se, chora-se, dança-se, canta-se, bebe-se muito, pensa-se pouco, encontram-se pessoas, perdem-se outras, em gestos incandescentes que, em absoluto, se reduzem à filosofia do presente.
Despedi-me, sem lágrimas, desta que foi a minha última queima e também os melhores anos da minha vida…
Senti-me feliz por poder partilhar estes dias com os que me são mais queridos. De alguma forma e em algum instante, todos estiveram presentes.
Parei tempo e espaço a fotografar pessoas, lugares, momentos, para que no rescaldo, depois de esmorecida a chama, restem na forma de memórias religiosamente guardadas na caixinha que, em compasso binário, me bate a meio do peito… eternas e imutáveis, qualquer que venha a ser o cenário…
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