quarta-feira, 25 de abril de 2007

Movimentos Perpétuos

Continuam as comemorações no nosso blog…

Festeja-se neste 25 de Abril a Revolução dos Cravos de 1975, símbolo de democracia e de liberdade, que em 2007 celebra pouco mais que o feriado para pôr o sono em dia, os discursos dos políticos a apregoar os bons valores e as boas intenções e a comunicação social, competindo pelos títulos e programas mais vendáveis.
Restam as memórias e os sentimentos dos que elevaram os cravos nas espingardas ao som da Grândola Vila Morena…

Liberdade?... Democracia?...

Quantas mais revoluções são precisas para acabar com a ditadura incólume do status e da carteira; a manipulação da opinião pública com actos e palavras tendenciosas, numa trama em que não se descortinam vítimas ou feitores; o uso e abuso dos corpos e das almas, num total desrespeito pela dignidade humana, pela exaltação de uns à custa do devassamento da intimidade de outros.

Que é da fraternidade, do amigo em cada esquina, da igualdade em cada rosto pintado, da vontade, na vila morena? Que é da verdade, da justiça, da sinceridade, da entrega, do valor da palavra, da solidariedade?

'O coração de mar e vento, que aos corações lanças redes, és perpétuo movimento, na guitarra do Paredes.
Pões esperança e amargura, ah, vibras sombra e nus nas notas, e em surdina tens gaivotas de saudade e de aventura…
O coração tumultuário, ah, faminto coração, solidário e solitário, a prender nuvens ao chão…
Coração de melodia, um coração em que murmuram sol e lua e se misturam em funda melancolia...
De tantas fomes e sedes, coração terno e vilento, és perpétuo movimento na guitarra do Paredes...
Ah, faminto coração, a prender nuvens ao chão…
'

No refúgio do meu quarto, ao sinal do ‘Coração’ da Mísia, no mesmo dia em que se repôs a liberdade, apelo à revolução dos gestos, com a força de um hino, uma canção ou um poema…

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