terça-feira, 17 de abril de 2007

Os destinos de Makafur

Fora sempre só e sozinho. Ditara na roleta da vida a sua sorte. Atirara nas cartas tarolescas o burlesco da sua vida. Decidara-se a não precipitar decisões e não antecipar mais do que o segundo o seu fado. Entregara o futuro às predestinações das incertezas e perdera-se nas fumaças cachimbescas e nos tragos deleitosos de destilarias duvidosas. Quem era Makafur? Envolvera-se numa aura de mistério onde se escondia de si a si próprio numa busca interminável. Pensava a condição humana e a sua e nossa pequenez relativizando o absoluto das convicções alheias, rendendo-se às formas fatais de quando em vez. Já Blinkie, fiel companheiro, era o engenheiro de si próprio. Independente e pragmático, programava à distância de anos os seus passos certinhos sem nunca acreditar que um dia tropeçaria em si próprio estendendo-se no tapete da vida. De quando em vez, Makafur pedia a Blinkie o seu código moral elevado emprestado e anotava num papel em branco as suas incontáveis incoerências. Blinkie repreendia-o com a precisão de um seminarista. Makafur respondia com um aceno cúmplice mas desinteressado dessas coisas da moralidade ou, pelo menos, de um tão alto que de tão alto é inantigível, nível de moralidade. Não sei o que é feito de Makafur. Blinkie cumpriu-se mas debate-se com os impostos taxados do sucesso.

"A vida é feita de encontros, desencontros e hallibut"

2 comentários:

alter ego disse...

;)

McCap disse...

Cheira-me que vai haver muita gente a enfiar a carapuça com esse post.