'8 ou 80' – Capítulo I
Inicio hoje a série de posts ‘8 ou 80’, que versarão sobre as assimetrias mundiais, tema que me inspira particularmente ao ressaibo.
A propósito da publicação da lista dos mais ricos do mundo, na revista norte americana Forbes, decidi escrever um post sobre os que têm tudo e os que nada têm.
Não é que o estilo ‘reportagem’ seja o meu preferido, pelo contrário. Mas estes são temas demasiado cruéis, que fazem histórias para não adormecer*, em que os números falam por si!
E dizem os números, que neste planeta com aproximadamente 510 milhões de km2, com 6,6 biliões de pessoas vivas (início de 2007), 2% da população reparte 50% da riqueza mundial, ao mesmo tempo que 50% da população mundial se governa com 1% da riqueza mundial. Avaliando essa distribuição por zonas geográficas, verifica-se que 90% da riqueza total se concentra na América do Norte, Europa e países da Ásia, na costa do Pacífico. (in documento elaborado pelo Instituto Mundial de Investigação do Desenvolvimento Económico, da Universidade das Nações Unidas).
Da ‘listagem’ que motivou este post, interessa salientar que este ano há mais 153 milionários que em 2006, parcela que foi recorde absoluto neste ranking. Os 946 ‘tios patinhas’ possuem, em conjunto, a módica quantia de 2.700 mil milhões de euros, ou seja, mais 35% do acumulado em 2006. O top 5 ou top 10 consultem, se quiserem, no jornal.
No extremo diametralmente oposto, 1 em cada 6 pessoas no mundo vive com fome. Morrem 100 mil pessoas por dia de subnutrição ou consequências, das quais 40 mil são crianças.
Fiz as contas…Nos 365 dias do ano morrem, então, 36.500.000 pessoas vítimas de carências alimentares. Se os 2700 mil milhões de euros dos 946 ‘tios patinhas’, fossem distribuídos pelas 36.500.000, cada uma herdaria nada mais nada menos que 73.972,60 euros/ano, o que perfaz uma mensalidade de 6.164,38 euros.
Como 6.164,38 euros é muito mais do que o necessário para viver em condições de dignidade humana, a conclusão é que bastava que os ‘tios patinhas’ riquíiiiiiiiiiissimos fossem apenas ricos, para não haver vítimas da fome. Decerto que ainda sobravam uns trocos para investir na saúde, na educação, em habitações, em acessos, e nos milhares de coisas que faltam às sociedades subdesenvolvidas.
À luz destes números, qual Declaração Universal dos Direitos Humanos?
Estes são cálculos de secretária. Têm apenas valor de aproximação, mas ainda assim impressionam.
Parece que também aqui estamos ‘num beco sem saída’. Como em quase tudo, uns mais que outros. Já não há somas ou subtracções que reponham a justiça…
Ó Deus, não podias ter feito melhor as contas?...
PS- A cada 5 segundos que demoraram a ler este post, morreu uma criança com fome...
* ‘Histórias para não adormecer’, por Fernando Nobre, Presidente da AMI.
2 comentários:
Mas afinal és comentadora de futebol na onda do Gabriel Alves ou quê?
É que pias muito sobre estatísticas... Canecos!!!
Vestígios de um ofício antigo... :)
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