domingo, 11 de março de 2007

moicanos

há uns anos atrás, num estabelecimento de diversão nocturna da invicta cidade, um amigo de velhas lutas disse-me depois de uma discussão do estado da nação, vulgo fmup: "eu sou o último dos moicanos", man "I am the last of the moicans". ao que eulhe disse com uma entoação à Mário Soares "olha que não, olha que não".
Hoje, já algum tempo passou e pensando bem nas coisas, ele tinha mais razão do que eu pensava. Não que seja ele o verdadeiro último, porque para mim, o adjectivo tem carácter plural e aplica-se a um ambiente vivido e não a uma pessoa, mas de facto, a esperança que eu tinha que as coisas não piorassem (já nem digo melhorar) está cada vez mais, à semelhança da colega alter ego, a desvanecer-se.

Pergunto-me se, daqui por uns anos, quando passar de visita no nosso 01, sentirei nostalgia pelos tempos vividos, e pena por já não poder fazer parte daquele ambiente, ou simplesmente tristeza por ver tudo "por água a baixo".

Desde que a medicina se tornou o "sonho" de 70% dos papás e mamás de todo o país para o seu filho que a nossa faculdade sofreu um processo de mutação que embora não seja visível a olho nu mudou completamente o "modus vivendi" no nosso 01.

Quando eu entrei, e antes de mim ainda mais, não era precisso ter 20 de média de secundário para entrar, aliás, ninguém tinha. Isto porque, salvo raras excepções é impossível um adolescente ter uma prestação tão regular que lhe permita ter 20 do 10º ao 12º. antes, a malta tinha média de 18 ou 19 no secundário e tirava 18 ou 19 nos exames. hoje tem média de 20 no secundário e tiram 16 nos exames. Paralelamente cresceram externatos e escolas do género e o extrato social médio do estudante de medicina mudou. antes havia malta das terrinhas, filhos de imigras que, sem explicações nem 30 livros de química e biologia, a levantar-se às 6 da matina para ir apanhar o autocarro para a escola que era na vila a 25 quilómetros de distância, lá conseguia a custo entrar na faculdade. e era esta malta que dava algo mais de si à faculdade. para já, não moravam com os pais, o que lhes dava uma liberdade considerável, e depois, dado que só iam a casa de fim de semana de longe a longe, sentiam maior necessidade de se ligar a algo, de se "comprometer".

pois, esse estrato ainda existe mas se fizessemos um estudo demográfico veríamos que decresceu uns 500% nos últimos 10 anos.

hoje abunda o menino da cidade, cheio de explicações e carro descapotável aos 18 anos, corta o cabelo por 10 contos tem todo o tipo de acessórios electrónicos desde miudo. o verdadeiro p***as, salvo raras excepções.

e que é feito da gaja com buço? despenteada a estudar como uma louca na sala de estudo por livros emprestados que não há dinheiro para mais?

que é feito das pronuncias mais estranhas que, sendo fonte de alguma chacota, não deixavam de ser uma manifestação da diversidade culturall do nosso país?

que é feito dos gajos que baixaram as calças naquela célebre manifestação?

Onde é que estão os "cojones conho?"

secalhar eram moicanos...

2 comentários:

alter ego disse...

:)

Freddy disse...

Os putos de hoje em dia nem nunca viram o Danças com Lobos... E ainda gozam com o Padre Borga! Ah, os petizes!