sábado, 3 de março de 2007

Que é do feito doS ladoS esquerdoS?

Numa altura em que se elevam os padrões de competitividade em quase todas as áreas, em favor do status social, riqueza, beleza, fama, deixa-se pelo caminho a excelência e a arte. Perdeu-se o amor às causas e valores mais altos se elevaram: o Porche estacionado à porta de casa, a gargantilha de ouro branco ou a casa de férias no Algarve.
Não vou falar da má prestação dos altos dirigentes da nação, do incumprimento da política do e para o povo, do favorecimento dos grandes grupos económicos e acentuação das mais que conhecidas assimetrias entre os muito ricos e os muito pobres, da desumanização da função pública, da má gestão dos serviços sociais, do mau funcionamento da saúde, da educação e da justiça… Essa é uma discussão de longa data, vulgar, explorada e re-explorada, muitas vezes manipulada pela comunicação social para vender mais papel.
Hoje o alvo sou eu, és tu, e é o anónimo do dia a dia: o padeiro, o carteiro, o polícia, o empregado de balcão que nos serve o café todas as manhãs, o funcionário da caixa de supermercado, etc, etc, etc.

Depois da ‘imagem’ panorâmica, foco-me no particular…
O que é que cada um de nós faz para mudar as manchetes dos jornais? Minorar a indiferença, a desigualdade social e de oportunidades, a violência, a fome, o abandono, a corrupção? O que é que cada um de nós faz para ser melhor para o outro, aquele Zé que nunca vimos mais gordo, que provavelmente nem sequer voltaremos a ver e que não nos dará nada em troca? Quando vamos ter noção do nosso tamanho, darmo-nos aos que fazem o nosso dia-a-dia e que atribuem sentido às nossas vidas, os que consomem o que produzimos, os que nos fazem levantar da cama todas as manhãs?
Que é feito do nosso lado esquerdo, aquele que nos torna mais humanos e transforma bons técnicos (técnicos de educação e pedagogia, técnicos de saúde, técnicos de leis, técnicos de contas), em bons profissionais (educadores/professores, médicos, advogados, gestores)?

O lado esquerdo… o dos sentimentos, da intuição, da criação, da percepção emotiva e subjectiva. Ainda que do ponto de vista neuroanatómico seja uma afirmação controversa, sustento-a no pretexto de que os hemisférios cerebrais controlam os hemicorpos contralaterais. Outros motivos de ordem anatómica se prendem com esta associação. O coração, simbolicamente ‘o motor da vida’ e o ‘órgão das paixões’, ainda que posicionado bem a meio do peito, bate mais à esquerda que à direita.

Li, há pouco, um artigo num jornal diário sobre ‘a inteligência do coração’. Destacava os resultados de um estudo americano segundo o qual a inteligência emocional (‘capacidade para expressar e manejar os sentimentos’) é tão importante como a inteligência cognitiva e académica, para o bom desempenho e produtividade.
Há vontade de incluir este critério no recrutamento de profissionais. Um pequeno passo para uma grande mudança…
Eu e tu, quem constituirá a população activa das próximas décadas, tem a responsabilidade maior!

Frente mais inglória…

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