terça-feira, 6 de março de 2007

Liderança ou o Princípio de Peter – Uma aplicação prática

Ainda que tenha estudado a lição sobre o Princípio de Peter, parece-me que a prelecção com que fomos contemplados neste blog, foi mais que esclarecedora e, como tal, passo directamente ao motivo deste post! A bem dizer, uma tarefa bastante facilitada pelo facto de incompetência em organizações burocráticas hierarquicamente estruturadas não faltarem por aí!
E não indo mais longe, centrar-me-ei no meu dia-a-dia, enquanto aluna de uma faculdade da Universidade do Porto, que tem a particularidade de estar inserida numa instituição ainda maior que é o Hospital de S. João (HSJ) (a título de curiosidade, fiquem sabendo que o orçamento do HSJ é tão grande quanto o da Câmara Municipal do Porto… incríveis os gastos implicados na saúde!).

Sem mais delongas, contava-me ontem um colega sobre uma ‘pequena quezília’ com um Exmo. Professor Doutor desta casa.
Terminado um módulo de uma das cadeiras de 6º ano, fazia-se a reunião de apreciação dos trabalhos escritos nas cadernetas, que, a meu ver, são absolutamente liceais e tornam um ano ‘profissionalizante’ na ‘maratona pela assinatura’. Note-se ainda para entendimento deste caso, que a classificação (nomeadamente passagem e reprovação) do aluno se faz mediante as presenças, listas de gestos, entrevistas ou outro tipo de trabalhos escritos, que depois de revistos, terão que ser assinados pelo respectivo tutor.
O aluno, um puro transmontano habituado à rudeza da frontalidade, por sinal um verdadeiro inadaptado ao sistema, de forma um tanto ou quanto ingénua, questionou o Exmo. Professor Doutor quanto à disparidade da organização daquele módulo e o modelo de funcionamento que lhe tinha sido explicado no início do bloco pelo responsável máximo da cadeira. (Entenda-se, para os que não estão familiarizados com esta nomenclatura, bloco = cadeira e módulo um compartimento do primeiro).
A páginas tantas, palavra puxa palavra, o Exmo. Professor Doutor, habituado à ribalta dos programas televisivos onde também aí dá ares de mestre, topo da pirâmide daquele serviço, irado com o confronto de uma entidade hierarquicamente superior, declara-se muito sentido com a indelicadeza do aluno e, amuado, recusa-se a assinar-lhe a dita cuja.

Quem conhece a figura em questão, rapidamente concorda que este, à semelhança de tantos outros Exmos. Professores Doutores, a quem recresce doutrina em detrimento de Liderança, seja da regência de uma cadeira ou de um departamento hospitalar, é não só um exemplo de alguém que subiu os degraus da pirâmide até se vir a tornar incompetente, como também alguém que se julga verdade absoluta… pelo menos dentro das paredes que limitam o ‘seu território’.

A história termina de uma forma muito pouco apropriada para ambos. O aluno, entre a espada e a parede, a pedir desculpa, ainda que não soubesse muito bem porquê, para obter a assinatura. O Exmo. Professor Doutor a fingir ‘condescendência’ em assinar, ainda que, segundo AS REGRAS, e porque o aluno tinha cumprido todos os requisitos exigidos, estivesse obrigado a isso… certamente, NÃO PELAS AS SUAS REGRAS…

5 comentários:

KemoRessabe disse...

desde míudo que gosto de cadernetas. É pena não podermos ficar com essas para mais tarde recordarmos. "lembras-te o quão difícil foi arranjar esta assinatura?"

gobi disse...

Os professores do Ensino Superior são, na sua boa maioria, uma das espécies artiodáctilas que lamentavelmente nunca se extinguiram. Esforcei-me, mas não consegui.

alter ego disse...

... E 'hierarquizávamos' as assinaturas em função no número de vezes que tinhámos subido a um piso para a conseguir! O critério é proporcional ao da 'raridade do cromo'... :P
...realmente, uma espécie artiodáctila! :)

McCap disse...

Sim... Uma assinatura do Prof. Pais Clemente deveria valer muito mais que uma assintatura do Prof. Vaz da Silva.

E estou a ver o próprio Prof. Pais Clemente a defender isso.

Freddy disse...

Pensava que era o que vai de manhã à Praça da Alegria ver o decote da Sónia Araújo!