sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Teatro

Eu ontem fui ao teatro.
Um amigo meu convocou-me para ser testemunha abonatória num julgamento. Um julgamento a sério. Com juizes a sério, advogados a sério e delegados do Ministério Público a sério.
Compreendo, percebo, aceito e defendo os rituais instituidos nos julgamentos. O levantar quando entra o juiz, as fórmulas de cumprimento, etc. São importantes para manter uma certa áurea de importância em tal acto. No julgamento onde fui, éramos 3 testemunhas, dois médicos e um advogado, que deixaram de trabalhar para lá ir. Um réu que também não foi trabalhar. Todos nós recebemos as respectivas justificações de faltas para as entidades patronais. Mas não produzimos. Porquê? Para colaborar com a justiça no apuramento da Verdade.
Qual o meu espanto, que após uma hora de inquirições, perguntas e discursos do advogado de defesa, cabe ao juiz ler a sentença. Esperava eu que o dito se retirasse em reflexão, nem que por breves minutos, mas não. Sua meretíssima excelência começa a ler a setença, já previamente escrita. Se assim é, porque raio perderam produtividade uma data de trabalhadores? Perdemos tempo e dinheiro, testemunhas, réu, tribunal. Apenas um ganhou. O advogado de defesa, que recebe à hora...

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

A última posta

A todos que leram com afinco e voyeurismo as minhas postas ressabiadas o meu obrigado..

Parto (conotação não parideira do termo) para re-nascer algures. Ressabiarei por aí.. Porque ressabiar é melhor que assobiar para o lado..

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Sleeping disorder..

estou, vou estando.. sempre como se não estivesse.. em parte indo para nenhures.. partindo..

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Festa Não Oficial dos Ressabiados


Parece que um conjunto de míudos vai promover uma socialização noctívaga algures na cidade invicta. Diz quem sabe que agora até têm blog. Passei por lá e é tão miserável que, por estupor, não o linkarei desde este nobre ressaibo.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

E nós e que somos ressabiados!

Vejam...

http://ruiaguiar.blogspot.com/2007/09/caso-de-insanidade-pblica.html

domingo, 14 de outubro de 2007

!

Exclama-te geração adormecida nas dúvidas que nunca te colocas..

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

O dedilhar das oito

Gosto de dedilhar palavras soltas por volta das oito. Palavras que vão saindo nem sei bem porque. Palavras. Valem cada vez menos. Leiloaria eu as minhas e faria fortunas imensas. Não gosto de faltar à palavra dada nem que me faltem palavras. Muito menos ao nascer de um novo dia. Mesmo que para mim seja o fim do anterior. Palavras. Quanto valem as tuas?

terça-feira, 9 de outubro de 2007

A lição de Lynch de la Serna

"El chanco" não era dado a banhos. Muito menos a banhadas ideológicas. De bicicleta ou na "poderosa" fez-se nos caminhos de uma américa que se dizia "latina". Trabalhos teve mais que muitos mas a sua empreitada era "mudar o mundo". Pegar nele e fazê-lo girar ao contrário. Inverter as leis. Não uma. Todas! Não mudar a "sua" pátria mas todas porque a sua pátria tinha a imensidão de um planeta que circunvizinha a lua. Um homem só e sozinho que se atira na vastidão desta quantas vezes miserável e injusta terra em lutas sucessivas até que se depara com a força inegável dos poderes instítuidos. Não terá sido um santo. Ninguém o é. Terá errado vezes imensas. Mas deixou-nos a todos uma herança de uma beleza extrema: acreditassemos todos num mundo diferente e ele mudaria.. Hoje é aproveitado por comunas em "pins" de ideologias decrépitas e por capitalistas que enriquecem vendendo t-shirts estampadas com a sua face. Irónico desenlace este em que o mundo em vez de mudar te consumiu e prostituiu..

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Memórias entorpecidas


Diz que o tempo nos entorpece as memórias. Diz que os espaços nos moldam as percepções. Diz que os cambiantes e as inconstâncias nos fazem nos dias que correm. Diz que tudo não dura senão a iridiscência de um cigarro. E mesmo assim habitas em mim num cantinho que é só teu. Fiz-me revisitado das minhas próprias recordações. Balanceei-me num fino cordel que sou e lá do alto, a meio caminho da vertigem, revisitei-me e a tudo o que já vi. Num tropeção saltei sem se adivinhar rede alguma de protecção. Num instante, tudo percorreu os meus olhos em cores intensas e vivas num filme cuja fita há muito se estragou em rodagens que não se querem alegres mas gastas. Entricheirado pelas contradições de mim comigo mesmo, sonhei-te a sorrir. E então partiste.

sábado, 29 de setembro de 2007

Desapoio a Scolari

Scolari dá um murro num jogador da equipa adversária de Portugal. Eu estava lá. Scolari deu uma conferência de imprensa com uma arrogância dizendo, mais ou menos, que o voltaria a fazer de novo. Arrogâncias destas só aceitamos de quem ganha tudo o que há para ganhar e não tem telhados de vidros. Há quem não tenha estatuto para dizer 'Stupid question, next question'.

Obviamente que veio o poder político, os gajos que representam quem paga estas megalomanias do futebol, a dizer que era preciso tirar elacções deste acto. O secretário de estado do desporto até esteve bem, por muito que digam que tentou interferir onde não deve.

Madaíl foi dizendo NIM, enquanto não tinha uma noção clara de até onde isto podia ir. Podia ter de despedir o homem ou ficar com o bebé nas mãos.

Scolari volta, humildemente, à comunicação social a pedir desculpa a (quase) tudo e (quase) todos. Excepto aquele que mereceria de facto esse pedido de desculpa. O agredido. Demonstra que interiormente não está arrependido.

A FIFA decide suspender ambos os intervenientes por uns jogos. Se de facto o homem estivesse arrependido, calava e comia. Mas não. Há que recorrer. Ficou chateado pelo jogador sérvio ter um castigo menor. Será que foi porque a responsabilidade de um treinador/seleccionador é francamente maior?

Aquilo que me irrita é que a Federação, que devia pelo menos ter dado uma grande descasca ao homem, senão demiti-lo com justa causa, ainda vem, solidariamente, dar cobertura a este pedido de recurso. O ressabio de scolari.

O homem tem vindo a agradecer o apoio dado por toda a gente. Pois eu aqui assumo um desapoio. E tenho quase a certeza que chegará ao próprio. Alguém com tamanho ego de certeza que tem uma secretária só para monitorizar tudo o que sai online ou offline com o nome Scolari.

"Se" (escrito "Só")

"Se" amanhã tudo se desfizer num quadro de cores berrantes e abstractas, numa tela sem nexo e de sentido a despropósito, não te apoquentes..
"" cumpriste a "tua" página escrita longe vai o tempo..

E se só cheguei, só partirei.. Sem passado e sem memória. Deixo-te uma taça de lata na estante vazia dos feitos nos maus feitios da tua vida. "Acorda menina linda"..

domingo, 16 de setembro de 2007

A floresta do kemo

Embuído do espírito da época, resolvi plantar uma árvore.. Agora só preciso do vosso simpático clique para encher a floresta..

http://kemowood.act4trees.com

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Água mole...

em pedra dura, tanto dá até que fura.

O mais importante é mesmo que a água bata na pedra. Milagres não se fazem.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Arrumam-se os carros e as ideias..

Estuda-se. Janta-se numa esplanada a enganar o tempo. Sozinho. Escutam-se as novidades dos que vão passando e estão, como eu, no mesmo lugar. Velhos conhecidos de olhares e conversas sem nome mas com rosto. Há vergonha em aceitar um jantar numa esplanada socialmente correcta por força do "eles não gostam que eu me sente aqui" sendo que o "eles" serão, digo eu, os patrões da dita cuja. E eu sozinho. Parte o rosto que se perdeu em heroínas de má fama para acalentar o estômago por trás da porta ou as veias numa qualquer recaída estúpida. Sozinho mas com companhia acaba-se o prato. Assalta-se o carro na vontade de voltar a casa. Outra alma se me acerca. De uma moralidade que por não existir ganha outro sentido, clama pela vontade de me ver "doutor". Relembram-se os anos em que nos cruzamos, anos exagerados em que nos fomos perdendo cada um nas suas perdições. Anos a fio em que no apontar do óbvio lugar de parqueamento alguém acabou por me conhecer melhor que muitos. Adivinhou-me os amores e as amizades, as alegrias e tristezas. Apontou-me os excessos da queima. E os outros. Foi por isso que quando me viu triste me quis pagar um fino. E o gesto sacrificado à sua ressaca tocou-me..

domingo, 5 de agosto de 2007

Férias

Por motivos de férias aqui o je encontra-se näo produtivo até ao próximo mês.

Acompanhamos a silly season, ou seja, os dislates nesta altura säo considerados normais e näo dignos de destaque.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Materiais clínicos reutilizados para poupar

Juro que não entendo quando é que vai haver uma verdadeira oposição a este Ministro. Nunca nenhum Ministro disse tanto dislate e fez tanta asneira sem que a comunicação social ou a sociedade civil tenha dado a conhecer a sua discordância. Pode ser porque os laranjas não têm sucessão credível (LFP outra vez não, p.f.) e com este a gente já sabe com o que conta.

Acordei hoje com o noticiário da TSF com uma reportagem resultante de um texto publicado no Correio da Manhã. A origem do texto não abona muito a seu favor, mas lá inquiriram o Dr. Correia de Campos (vamos pôr o título honorífico, não vá o homem despedir-me) sobre se era verdade que houve hospitais a reutilizar materiais supostamente descartáveis. A resposta foi algo como que sim, que aconteceu, mas que já não acontece mais porque a sua Inspecção Geral da Saúde (a polícia dos médicos e enfermeiros, provavelmente aqueles que nos acusam de não lavarmos as mãos) soube e actuou em tempo útil. Justificação das administrações hospitalares envolvidas? Foi por causa dos constrangimentos financeiros, e nem considerámos que fosse um perigo. Claro... Cada agulha em vez de ser usada uma vez, usa-se duas. Pelo sim, pelo não, usa-se primeiro numa criança, que tem menos probabilidade de ter uma doença contagiosa, e depois manda-se a agulha para a Urgência de adultos.

É o que dá pôr (maus) gestores à frente das unidades de saúde. Os clientes pagam mal, o produto não precisa ser de grande qualidade. Quer agulhas descartáveis, vá à privada.

Em muitas empresas, os seus gestores 'obrigam' os seus funcionários (e bem) a usar as folhas dos dois lados, de modo a pouparem no papel. Para a saúde não se pode trazer essas fórmulas de sucesso...

A responsabilidade dos gestores públicos nos Hospitais é do Ministro, a fúria de cortes orçamentais também, a paranoia que se tem de poupar em tudo, do clip ao material cirúrgico, também.

Isto de um ministro que há bem pouco tempo nos aconselhava a guardar os medicamentos fora de prazo num saco-plástico para dar aos pobrezinhos.

Num país em que a população idosa escolhe na farmácia, entre os medicamentos prescritos pelo seu médico, aqueles que leva, porque não tem dinheiro para todos, devido às baixas reformas e à diminuição progressiva das comparticipações, deveria ser considerado inaceitável tal afirmação ministerial. Já houve tempos em que ministros caíam apenas por fazer piadas sobre a reciclagem do alumínio.

Este Senhor Professor Doutor asneira e goza impunemente. Peço sinceramente ao PSD que arranje rapidamente escolha credível para que o PS pie mais fininho.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Cruzes Canhoto!

Canhotos do mundo.. UNI-VOS!

Vítimas de perseguições seculares, os canhotos nos seus 8% da população sempre causaram grande confusão aos seus amiguinhos dextros. Mas acordar com um sms de um dextro a informar-me que o meu próprio estado sinistro estaria relacionado com um gene mauzao não é, de todo, agradável. De facto, o LRRTM1 é o responsável pela inadaptação às fechaduras das portas, tesouras, abre-latas, cadeiras de tampo para estudantes dextros e outros afins.. Enfim.. Pior que tudo isto é a correlação que parece existir entre este gene e algumas patologias psiquiátricas de cariz maioritariamente psicótico. Obviamente que todos os canhotos do mundo deveriam ter direito a uma "pensão genética" pelo risco aumentado de toda uma panóplia de patologias tanto mais que é normal que a anormalidade do cérebro dominante leve um qualquer canhoto a passar-se da cabeça no fim dum dia de trabalho e chega a casa e tem que trinchar o perú. Perante tamanha discriminação sentida de forma comezinha no dia-a-dia, só nos resta unirmo-nos tanto mais que o nosso dia já aí vem. Sabiam que as dextras inclinam sempre a cabeça para o lado que não dá jeito nenhum para dar um beijo?

"A pesquisa sugere ainda que as pessoas canhotas são mais susceptíveis a uma série de problemas, como alergias, depressões, uso de drogas, epilepsia, esquizofrenia e insónias."

"Como, nós, canhotos bem sabemos, o mundo ainda é dos destros. Tesouras, abridores de lata, saca-rolhas, acessórios de computador, o alinhamento dos pedais dos automóveis e até colheres tortas para bebes são feitas para a mão direita, para além de existiram grande numero de superstições e questões religiosas que nos ligam ao mal. Tempos houve, não tão distantes assim, em que se obrigavam as crianças canhotas a não usar a mão direita. Eram tempos em que se receava a diferença. Aos esquerdinos colocava-se-lhes a mão esquerda atrás das costas, às vezes amarrada, e insistia-se para que comesse, desenhassem e escrevessem com a direita. Na escola, eram frequentes as reguadas e outros castigos. Nada mais errado: imagine-se o que seria obrigar um destro a usar a mão esquerda… Seria certamente muito penoso."

A discriminação linguística:
latim - sinister - significa "demónio".
italiano - sinistra - significa "esquerda". Em português sabes bem o que quer dizer sinistro...
romeno - bongo - significa "torto" ou "diabo".
inglês (termo escocês) - gawk-handed - significa "canhoto", mas gawk quer dizer "pessoa tola".
inglês (termo americano) - goofy é a pessoa que usa o lado esquerdo, mas também é usado para "pateta" e "trapalhão".
italiano - mancino - significa "canhoto", mas quer dizer também "pessoa desonesta"
francês - gauche - significa "esquerda", mas quer dizer também "pessoa desajeitada".
francês - gaucher - significa "canhoto".
espanhol - zurdo - significa "canhoto", e "ir azurdas" quer dizer "ir na direcção errada".
russo - levja - significa "canhoto", é também um insulto e veio da expressão no levo que significa "mau", "vil". Quer também designar um traficante do mercado negro.
polaco - lewo - significa "canhoto", é também algo ilegal ou proibido.
alemão - linkisch - significa "desajeitado", links quer dizer "esquerda"...

LeftHanders Day - 13 de Agosto.. Grandes festividades prometidas!

sábado, 28 de julho de 2007

Amigos e "tu"

Hoje podia ter sido um dia mau. Não fossem vocês e "tu" seria seguramente terrífico. Ás vezes nem damos conta do quanto é bom ter a víuva como refugio e os amigos como ombro. Sem melodramas, sem histerias, sem esoterismos absurdos, o meu obrigado humilde e sincero. Porque vocês estiveram lá, estão aqui..

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Curandeiro é preciso ter "galo"

Acendam-se as velas, queimem-se os toros nas acendalhas, atirem-se os búzios e joguem-se as cartas, espetem-se ferraduras nas portas e alhos porros nos alpendres, chocalhem-se espanta-espíritos e sacrifiquem-se as galinhas e os gatos pretos, reze-se aos deuses em sacrifícios rotulianos, tire-se o "13" da minha porta e realinhem-se os astros..

domingo, 15 de julho de 2007

porto

Há cidades mais que muitas mas a minha tem qualquer coisa. Se calhar é por ser minha. Rude e dura esta invicta não se dá a miudezas nem a mariquices quando lhe pisam os calos. Diz o que tem a dizer. Não se apaixona facilmente mas tem caminhos românticos perdidos onde nem a todos se entrega. Discreta e leal, afaste-se quando estiver mal disposta: esta terra ferve em lume brando. De tez sombria e escura, solta-se em sombras e recantos que repelem os curiosos. Mas quando se abre o crepúsculo fuja. Corre sério risco de se apaixonar com o coração que dentro de si esconde.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

entranheza estranha

talvez a deixa fosse má
dita com a leveza de uma gueixa
há um encanto teu
cantado no canto que é só meu
Bate as asas e voa
é tão bom ver-te planar..

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Da-lhe Palma!

Video do single "Encosta-te a mim"



Palminha de volta.. blog altamente recomendado:
http://www.bloguepalmaniaco.blogspot.com/

GUNA - Garoto Urbano Não Adaptado

Perfil:
- Boné com pala dobrada mas não vincada
- 1 ou mais brincos - muitas vezes encontramos argolas
- Sapatilhas " da moda ", preferencialmente com cores berrantes ( vermelhas ou amarelas )
- Alguns usam piercings nas orelhas e/ou nas sobrancelhas

Onde encontra-los:
- Na generalidade nos centros urbanos ou arredores. Sendo nas esquinas, cafés, esplanadas, playgrounds, numa rave perto de si ou numa claque de futebol os seus locais predilectos.

Linguagem utilizada:
- Tá-se
- Tá-se bem
- Brother
- Aperta aí um paiva
- Mica aquela dama
- Oh mano!
- Dá-me cenas! ;)

Como comunicar com eles:
- Algo que continua em fase de estudo, dependendo do bairro que são oriundos, da zona geográfica ou da cor do boné que usam.

Cuidados a ter:
- Extrema cautela e cuidado é necessário a ter contactando esta espécie, pois os seus comportametos diferem, acima de tudo, se os encontramos sozinhos ou em manada. Pois nesta espécie manifestam-se todas as teorias de comportamentos de massa.
Se for abordado por uma destas criaturas deve, em primeiro lugar recuar um passo e olhar-lo nos olhos, não se deixe intimidar. Em alternativa pode ser correr como se a sua vida depende-se disso! De referir que está espécie tem uma fixação por cigarros.

I HATE GUNAS!

terça-feira, 3 de julho de 2007

… ainda em Português!

Pegando no conceito de ‘mentalidade de atrapalhar’ de que se falava no post anterior, conto uma história que ouvi quando era ainda bem pequenina (… mais pequenina!) sobre a ‘mentalidade de criticar’...

Há muitos anos, numa aldeia de Trás-os-Montes, havia um velho moleiro que fazia a distribuição da farinha pelas povoações vizinhas.
Assim, uma vez por semana, o moleiro, ajudado pelo neto, carregava o burro com sacos de farinha, e lá seguiam para a venda.

Ao chegarem à aldeia mais próxima, passaram por um grupo de lavadeiras que lhes disse: ‘Oh Senhor, então o moço, com tão boas pernas, vai montado no burro, e o moleiro, já velho, é que vai a pé?

Envergonhados com o comentário, decidiram não parar ali. Trocaram de posições e continuaram em direcção à aldeia seguinte.

Aproximavam-se do adro da igreja quando um grupo de homens entretidos nas damas, gritou: ‘Olhem para ali, se tem algum jeito… um homem daquela idade a cavalo do burro, e a criancinha é que vai pé!!

Mais uma vez, surpreendidos pela observação, continuaram caminho sem fazer negócio, rumo à aldeia seguinte.

Desta vez, para evitar qualquer tipo de reparo, ambos viajavam a pé e o burro apenas transportava a carga.
Apregoavam o produto junto do café, quando ouviram os clientes que comiam tremoços na esplanada cochichar: ‘Grandes lorpas! Então vêm os dois a pé, e vai o burro folgado só com a farinha!

O moleiro e o neto nem ouviram até ao fim. Montaram os dois o burro e seguiram o mais rapidamente para a última aldeia da freguesia.
Atravessavam junto ao pátio da escola primária quando algumas jovenzinhas que ali jogavam a macaca, recriminaram: ‘Estão a atentar contra os direitos dos animais! Pobre burro que tem que carregar com os sacos e, ainda por cima, também convosco!!

Então, o velho e a criança, absolutamente baralhados com tudo quanto tinham ouvido, voltaram a casa, sem um único tostão!

A história é simples e popular, e ‘quem a conta, acrescenta-lhe sempre um ponto’. Através do tempo, conserva a moral, que saída da boca do povo, é tão majestosamente sábia como a que nasce da mão de qualquer Pessoa… Concluam a que muito bem entenderem! ;)

segunda-feira, 2 de julho de 2007

cair à terra

depois de uns dias/semanas/meses de ausência, apetece-me hoje mudar o tom intelectometafísico deste blog e ressabiar com as simples coisas do dia a dia.
se há coisa que me irrita neste mundo/país/hospital é o mau uso dos elevadores. quantas vezes já estiveram à espera de um elevador no 2 ou 3 piso para subir e este pára para descer. olham e vêm o elevador cheio de pessoas. este desce até à cave e quando volta para subir vem exactamente com a mesma meia dúzia de pessoas. conclusão: meia dúzia de burros, queria ir do 4 para o 6 e em vez de esperar pelo elevador em subida, mete-se já a atrapalhar e desce para que ninguém lhe tire o lugarzinho. entretanto, e principalmente neste hospital, macas, doentes em cadeiras de rodas o simples plebeus como eu que só quero ir para uns andares acima, tem que esperar por mais uma voltinha sem necessidade nenhuma.
mas que raio de mentalidade de atrapalhar. até já estou a imaginar...
"ai o meu lugarzinho..."
"vamos já mãezinha, é melhor descer e subir garantindo já o lugar e atrapalhar a vida de 20 pessoas com mais direito que nós, do que esperarmos nós pela nossa vês..."
a seguir vão ao café e pedem "duas natinhas" por favor com "uma meia de leite".

mas que mania de não sabermos respeitar os direitos dos outros. parece que temos que estar sempre a f*der alguém com medo que ele nos f*da.

se virem bem, alguns simplesmente não entendem mas outros só o fazem pk acham que alguém que está num piso abaixo o vai fazer. e então é melhor prevenir...

será esta a base do pensamento nacional de que estar sempre na retranca? será que vem daki todo o clima de desconfiança em relação ao próximo?
ou a mania que os outros tem sempre cunhas?
a vontade de culpar sp alguém quando algo corre mal, ou simplesmente quando não sabemos?

no fundo, será que a origem de todas as frases desculpatórias/inculpatórias do tipo: "... ai e tal porque eles isto..." ou "...eles é que..." "...há aí pessoal que..." tem origem numa paragem de elevador mal resolvida?

secalhar foi na má vontade de um transiente de elevador que tudo isto começou...sacana! mirrou-nos as mentes por 40 anos!

sábado, 30 de junho de 2007

Babel

Tentei mais uns passos na escalada dessa tão grandiosa torre que julgas ser.
Esgotei-me em palavras e explicações de mim e de ti sem encontrar a harmonia dos significados e significantes. Palavras… as que disse, as que senti, as que guardei, as que silenciei, as que não compreendi...
Dói-me ver-te desmoronar perante o entendimento absurdo das nossas línguas. Dói-me ainda mais a frieza e passividade com que aceito essa verdade.
Não percebo as palavras, mas aprendi a ler-te os gestos… são esses que não me deixam acreditar que chamas por mim…
Quero-te muito bem…


quinta-feira, 28 de junho de 2007

"69" Polka Dots

Foi com algum agrado, um certo "prazer" e até alguma intumescência que recebi um pedido para assinar o sexagésimo nono post ressabiador como se de um aniversário do blog se tratasse. Uma honraria que muito me sensibilizou principalmente pela dificuldade em escrever algo que rodado 180º diga exactamente o mesmo. Nada mais fácil do que largar um punhado de lugares comuns pelo que, caso deseje, pode rodar o monitor de V. Exa. que o efeito da leitura de tanto comentarismo barato será, seguramente prazenteiro, mas nunca garantindo o efeito múltiplo que poderá procurar.
Faça-se então a analogia barata com uma qualquer posição kamasutriana em que nos lambemos nos pudendos antes de nos fingirmos nos pudores do quotidiano e nos elevarmos para lá do primitivo das incursões genioglóssicas. E pronto, concluídos os preliminares avancemos que o texto não pode sofrer de tanta precocidade que termine já por aqui. Muito menos após um momento de partilha e generosidade tão intenso.
A verdade é que há várias leituras freudianas para a maioria do comportamento humano. A verdade é que o surrealismo do dia-a-dia tem um manancial inesgotável de conhecimento. A verdade é que "tudo isto é muito complexo" e "a vida é feita de encontros, desencontros e hallibut". A verdade não sei bem qual é. A verdade deve andar por aí. A verdade é que não te exporei as minhas dores para te dar o entertenimento de uma telenovela mexicana de segunda. Porque a segunda é um dia horrível, porque a segunda vem sempre depois da primeira e porque a segunda já é mais cansativa que a primeira e, tem dias luminosos, em que vem antes da terceira. Por isso o meu céu está cravejado de uns "69" Polka dots..

A montanha pariu um rato

Íamos ter, finalmente, uma legislação de controlo da intoxicação por tabaco de não fumadores. Íamos aproximar a nossa legislação áquilo que é feito por toda a Europa. Íamos tomar uma posição política fundamentada por decisões técnicas. Íamos aumentar a nossa civilidade. Íamos ter uma medida de saúde pública a bem de todos. Íamos...

O Governo anunciou que 'era desta', que não iria ceder a lobbys económicos, que não ia ceder aos fumadores inveterados que se acham no direito de empestar os locais de diversão de todos e de trabalho de alguns. E hoje anuncia, com pompa e circunstância, uma lei que não traz nada de novo. Espaços grandes já tinham lado para fumadores e para não fumadores, espaços pequenos já podiam 'escolher' entre serem espaços livre de fumo ou não. A nova lei nada de novo traz.

Sem fazer grandes estudos epidemiológicos, é fácil aferir que, e basta olhar para os restaurantes que têm lado fumadores/não fumadores, um grupo de várias pessoas basta ter um fumador, para logo irem para o lado dos fumadores. Basta ver a quantidade de papás fumadores que levam os seus filhos (devem ser aqueles que choram e fazem birras) para o lado impestado. E os trabalhadores dos restaurantes, bares e discotecas? Quem os defende? Esses passam dia após dia (ou noite após noite) em ambientes com teor de CO enormes, que poriam qualquer parque de estacionamento interdito ao uso.

O Governo cedeu à demagogia dos coitadinhos dos fumadores, que querem ver o seu direito a fumar onde muito bem lhes apetece.

Uma nota: o ano passado fui passear à Irlanda, país que introduziu legislação parecida à que íamos implementar há pouco tempo, também com alguma (menos) contestação da classe fumadora. O que eu vi foram bares livres de fumo, com meia duzia de pessoas a dar umas passas à pressa no alpendre, a voltarem para dentro para se divertirem. São eles os primeiros a aplaudir os resultados dessa legislação. O tabaco sabe-lhes muito melhor (não mantêm níveis constantes de intoxicação provenientes do fumo dos outros) e não chegam a casa com a roupa a cheirar mal.

Só aqui o Zé Povinho é que quer continuar a ser incivilizado.

Nota do autor: Confesso-me um, cada vez mais, fundamentalista em relação a esta problemática.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Apresentação - Mais vale tarde que nunca!

Boas a todos os ressaibos!



As minha primeiras palavras são dirigidas ao alter ego pelas suas ternas palavras de boas vindas. E sim, vou escrever aqui connvosco ou"semvosco", mas acima de tudo comigo! Não com chinelos porque não gosto de usa-los, mas com norte e quase sem regras... ;)



As proximas palavras são dirigidas a todos voces que escrevem aqui, que, de alguma forma, partilham os vossos pensamentos, receios, medos e alegrias. Nem sempre é facil exprimi-los, muito menos com a qualidade, originalidade e humor (negro, branco ou às vezes cinzento) que alguns de voces conseguem.



Ate breve

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Lusomundo

Ontem fui ao cinema aqui em Lisboa. É certo que estou mal habituado aos cinemas do Porto (leia-se Gaia). Cliente fiel do AMC (actual qq coisa), assumo que estou mal habituado. O que me chateia não é a falta de ecrã côncavo, não é o som fatela, não são os lugares marcados, não sõ os bancos menos confortáveis. O que não admito é ter pago 5,40€ para ver um filme, ter as apresentações de novos filmes antes da hora marcada, e à hora do filme inicia uma sessão de 10m de publicidade. E não dá para mudar de canal.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Mais HSJ

Ter falado no post anterior no antigo enfermeiro director fez-me lembrar um post que já andava na calha há uns tempos. A história do parecer do Tribunal de Contas (TC) sobre a construção do centro comercial dentro da cerca do HSJ, seu contrato, suas adendas e exploração do parque de estacionamento.



Resenha histórica (perdoem-me qualquer incorrecção, que a idade já pesa).
Na década de 90, o Prof. Fleming Torrinha, à altura director do HSJ, lança concurso internacional para a construção de um hotel dentro da cerca do HSJ, em que o Hospital ficaria com um certo número de camas para alojar doentes e a entidade construtora geriria comercialmente as restantes camas. Faz sentido, porque temos muitas vezes a necessidade de internar no dia anterior a qualquer procedimento, doentes provenientes do interior do País, que necessariamente precisariam de estar no HSJ às 8h30m. Ora um doente de Bragança para estar no HSJ às 8h30 precisaria de sair de sua casa por volta das 4h00. O que se faz é internar esse doente no dia anterior. Uma cama hospitalar de hospital central custava à altura qq coisa como 35c/noite. Sai muito mais barato ao hospital alojar esses casos num Hotel por si contratado, ainda para mais com uma proximidade geográfica tão próxima. Concurso feito, empresa escolhida. Passam os anos, por problemas burocráticos. Ora são as árvores que são centenárias, ora as autorizações que não chegam. O consórcio vencedor tem como área de negócio também a exploração de parques de estacionamento. Toca a dar à exploração também o parque de estacionamento do HSJ em troca de autorização de construção de um parque por baixo do Hotel e umas lojas no piso térreo do Hotel. Adenda em adenda, a construtora acaba por construir um grande centro comercial, um hotel, um parque de estcionamento, tudo à sua exploração e consegue ainda a proeza de pôr o HSJ a pagar um x por cada carro estacionado no seu (seu, do HSJ) parque de estacionamento, visto estar a ser explorado por si. Explorado significa também fazer manutenção. Eu conheço o parque desde 93 e desde 93 que o parque parece a superficie lunar. Mas desvio-me do tema. Por problemas com o parque, de expulsão dos seus utentes para dar lugar às chefias (que estacionavam apenas das 10h às 11h, realidade felizmente em modificação) foi criada uma Comissão de Utentes (aqui não vou usar iniciais que parece mal). Essa comissão, uma das coisas para que alertou veementemente foi para o contrato desastroso que a administração da altura do HSJ estava a fazer com a BragaParques. Tal forma que o director da altura até ficou conhecido como Jaime do Parque (Dr. Jaime Duarte).

Algumas administrações depois, finalmente alguém se lembrou de enviar aquilo para o Ministério Público, de tão escandaloso que era. O HSJ já estava a pagar mais ao consórcio pelo uso do seu parque pelos seus funcionários, que o consórcio tinha de pagar ao HSJ como renda do terreno onde construio um Centro Comercial, Hotel e Parque de Estacionamento. Administração prontamente substituida. Agora, 7 anos depois, vem o Tribunal Constitucional dizer aquilo que qualquer criança (nós) dizíamos em voz alta.

O que me chateia mais é que as pessoas responsáveis por esses acordos, pelas negociações, assinaturas e avalizações, continuarem à frente de instituições públicas a gerir os nossos (parcos) milhões de €. Nem quando a coisa é escandalosa há acções práticas preventivas para que não volte a acontecer.

Greves

Será que não vamos nunca deixar de viver numa sociedade em que cada actor social lê os eventos sociais a seu bel prazer, sem o mínimo de rigor, sem objectividade, sem honestidade?

Greve hoje. 1h30 no carro para chegar ao trabalho. Percurso normalmente feito em 20m. 40m na pior das hipóteses, em caso de acidente. Muito tempo para ouvir a TSF. Muito tempo para me irritar com os dislates. Não sei o que me chateia mais. Se ouvir o ministro a dizer que tirando situações pontuais, todo o país está a funcionar com normalidade. Depois de termos ouvido o estado do trânsito em Porto e Lisboa, os metros que não funcionam, os cacilheiros, os transportes públicos em geral, uma data de grandes fábricas. São muitos pontos. É um deserto de pontos.

Mas o outro lado, do sindicalismo, também me irrita. Principalmente ter ouvido o 'saudoso' (aspas irónicas) Enf. José Azevedo, do sindicato dos enfermeiros do Norte, e antigo Director Enfermeiro do Hospital de S.João (HSJ) dizer que neste hospital ainda só tinha os dados do turno da noite, e que neste turno a adesão à greve ter sido de 100%. Apenas funcionaram os serviços mínimos. Urgência e apoio ao internamento. Pergunto, o que mais raio há a funcionar no hospital a essa hora (turno da noite)?

Estatística é a tortura que se faz aos números para eles dizerem aquilo que queremos. Temos de fazer uma Convenção de Genebra para os números. Temos de começar a ser mais sérios.

domingo, 27 de maio de 2007

Amores e Humores

De braços dados e costas desavindas lá vêm e vão os amores e os humores num corropio de looping de montanha de espaço de entertenimento supostamente infantil que entretem bem mais os mais velhos. Esses que pagam as mensalidades dos créditos mal parados para se mostrarem nas numerosas feiras de vaidades dos tempos contemporâneos. Confesso-me acrédito bancário e de crédito pessoal bastante questionável nas histórias dos amores. A culpa é dos meus humores. Humores que de tão instáveis se tornam imprevisíveis e que de tão inconstantes se tornam perturbantes até para o próprio. Humores que me tolhem a consciência com o peso de toneladas quando se remexe o tempo que já não volta atrás. Humores com a leveza de uma pena no vasculhar dos escritos antigos. Humores que se contradizem no mesmo instante. Humores que animam. Humores que ferem de morte. Humores que enlutam a alma ou humores que alegram os espirítos. São os humores... Piores os dos outros. Humores de amores que já foram. Humores indiferentes ou torturantes e vingativos. Humores que perturbam. Sempre. Ficam os amores presentes mesmo quando ausentes. Amores que elevam humores aos cumes da estupidez das joviais paixonetas. Amores que dão o sorriso parvo e fazem de ti o riso alheio. Amores que embriagam humores. Humores embriagados que acabam em amores. Amores que são o que parecem. Amores que nem parecem o que são. Amores de uma noite e amores de uma vida. Humores enebriados e humores sóbrios. Falsos humores e verdadeiros amores. Enfim... Amores e Humores.
Boa sorte com os teus.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Seja bem-vindo, Sr. Filid!

Num momento em que se repetem cenários pidescos, o desemprego chegou a níveis tão altos como os anteriores ao 25 de Abril, diariamente somos bombardeados com noticias de maus tratos de todos os tipos a crianças de todas as idades, as empresas contraem cada vez mais dívidas e até os Japoneses compram a nossa maior empresa de tomate, em que queimadas as fitas, se queimam agora as pestanas, a polinização das gramíneas atormenta os ‘hipersensíveis’ e nem o S. Pedro colabora com dias claros e amenos, há muito que ressabiar!

Por isso, Sr. Filid, seja muito bem-vindo! Calce os chinelos, acomode-se confortavelmente no sofá com um computador por perto e escreva connosco!... Sem norte e sem regra! :)

domingo, 20 de maio de 2007

Tchim, tchim

Acordei com o som de uma sms que se juntou a outras que não ouvi chegar durante a noite.
Tentei descolar as pálpebras ruborizadas que, pelos epicantos, expelem resquícios de uma conjuntivite alérgica e abri a janela… Um dia cinzento e frio. Ao menos hoje o S. Pedro podia ter-me feito a vontade com um dia claro e solarento…
Ao fundo do quintal, o meu pai debate-se por entre os ramos de uma cerejeira para colher uma cesta de fruta…

Este ano, achei que todos se iriam esquecer deste dia. Palavras injustas estas minhas! Devo dizer antes, muitos dos que eu não queria que se esquecessem…
Se os carinhos inesperados são tão deliciosos, os esperados, mas que não vêm, doem proporcionalmente …

Não fiz planos alguns, mas o dia vai a meio e tudo pode acontecer!

Aos 24 anos deparo-me com mil e um caminhos. Tenho todo o tempo do mundo para me perder e me voltar a encontrar…

Não podia deixar de partilhar este dia também convosco, meus queridos Ressabiados, que, nos últimos meses, tão pacientemente têm contido as minhas expressões de sentimentalismo e desesperança… Obrigado!

Tchim, tchim… Parabéns a mim!... :P

sábado, 19 de maio de 2007

Os destinos de Makafur - O Fim

Depois de lutas sem vencedores e só de vencidos, Makafur contempla ao longe o "fim". "O fim" que se ergue numa aura de desolação e irónica tristeza que nem ele nem eu conseguimos entender mas que nos entrega na certeza que um "princípio" há-de vir por aí. Se bom ou mau pouco importa. Não se espera algo de bom numa história, ainda que sem estória, lusitana. Se fosse alegre não seria das terras da "saudade" seguramente.

Nunca quisera partir porque também nunca quisera cá chegar mas agora que "o fim" ou o "princípio" lhe tolhem o ser Makafur sabe que tudo irá mudar nas baldrocas dos fados do bandido do tempo, esse que nos rouba à eternidade e nos tolhe de morte na perenidade dos seres. Fica a consolação que o "teu" fim é sempre o princípio de alguém...

FIM.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Não, Sr. Professor, não estamos na tv!!

É em dias como estes que me alegro de estar tão perto de concluir a licenciatura.
Iniciei há 2 semanas um dos principais blocos do 6º ano, que se compõe por 5 módulos.
Cheguei na 2ª feira pós-queima ao 5º piso do HSJ para iniciar um deles. Um serviço catita, pintado de fresco, com portas de correr e paredes estrategicamente decoradas com réplicas de quadros dos mais famosos pintores mundiais… Manifesta preferência por Vieira da Silva…
Prevenida quanto à exigência horária do Sr. Professor, lá estava eu por volta das 8h da manhã, encostada à parede, à espera da reunião de apresentação.
Começou por volta das 8:30, altura em que todo o meu grupo de trabalho, constituído por 7 elementos, se reuniu na biblioteca para receber as instruções. Assinámos folhas e mais folhas onde precisamente definimos o local em que cada um de nós estaria a cada momento, não fosse o Sr. Professor perder-nos o rasto. As câmaras de vigilância só cobrem o corredor central!...
Posto isto, começámos a trabalhar.
Avisados que era importante que o Sr. Professor ‘nos visse’ no Serviço por volta das 8h, reunimo-nos no corredor a partir dessa hora, à espera da visita ao Serviço que, até hoje, só aconteceu no 1º dia.
Esperávamos pelo refeitório ou pelos corredores até cerca das 9h-9:30h, altura em que começavam as restantes actividades para que nos tínhamos distribuído.
Hoje, cansada deste ritual inglório, quase que tinha decidido chegar mais tarde… Num enorme esforço matinal para me levantar meia-hora mais cedo que o habitual, sem disfarçar a má disposição, lá me despachei a tempo de cruzar as portas envidraçadas à hora marcada.
O Sr. Professor andava desde as 7:10h a tratar das burocracias que, na qualidade de Director de Serviço, lhe competem. Dirigiu-me um bom dia e encaminhou-me para o refeitório onde deveria aguardar pelos meus colegas e pela dita visita ao serviço.
Certa de que nenhum deles chegaria a tempo, mandei sms para que se apressassem… talvez isso nos poupasse ao sermão do costume.
Mas não, dando pela falta de dois dos elementos do grupo, começa o discurso sobre cumprimento do dever e dos maus hábitos que trazemos dos outros serviços, num tom de moralismo frouxo que me nauseou de cólera.
Tentei explicar-lhe que os 2 colegas já tinham realizado tudo quanto era suposto e que, estariam a elaborar o relatório para entregar amanhã. Informou-me que o nosso horário é das 8h-14h e que a faculdade não é funcionalismo público…
Ainda agora me custa perceber a lógica do seu raciocínio. Cerrei as mãos nos bolsos da bata para controlar a língua e não acabar como o meu amigo transmontano de que já vos falei uma altura, por motivos bem similares… Tenho muito respeito pelas pessoas, mas muito pouca paciência para amuos de quem se acha dono da razão. Pedir-lhe desculpa por algo de que não iria gostar de ouvir, para que me assinasse a caderneta de gestos que em consciência e de forma séria realizei, era algo que, decerto, não iria fazer…
Sobejam-me argumentos que destronam a concepção, que afinal é só dele, de que dirige um Serviço modelo. Primeiro, se conhecesse o regulamento da cadeira saberia que o horário da prática clínica é das 8:30h às 13h. Mais, se tivesse ideia do que é, ou deveria ser, o ensino universitário, não implementava um sistema de picar o ponto, e ser-lhe-ia indiferente fazermos o trabalho das 8h-14h ou das 14h-19h… Se ao menos nos ensinasse alguma coisa… são os próprios assistentes que compactuam com o facilitismo a que nos fomos habituando, e que sugerem que venhamos para casa estudar o Harrison…
Pois é Sr. Professor, a deixa do ‘funcionalismo público’ terá sido um acto falhado que tão bem representa a actividade do seu pequeno reino? Como é possível que a visita aos doentes do Seu Serviço dependa exclusivamente da Enfermeira Isabel, a única que realmente sabe o que se passa com cada um…
Nem os que consigo trabalham o levam assim tanto a sério… Vão-lhe batendo nas costas, encolhendo os ombros e acatando os seus caprichos na base do ‘não estou para me chatear’…

Pediu que chamássemos os colegas que faltavam, que vieram de casa, para os mandar embora em seguida depois de confirmar que, efectivamente, já tinham feito tudo quanto deviam…

Lamento não lhe ter dito tudo quanto gostaria… Mas também eu não estou para me chatear...

segunda-feira, 14 de maio de 2007

O rescaldo

Terminou ontem mais uma comemoração da Queima das Fitas da Universidade do Porto, uma semana de festa de índole académica e um forte cunho praxístico, que anualmente se realiza no início do mês de Maio. Quase tudo vale na celebração do fim de mais um ano lectivo que, se para uns tem o doce sabor da chegada, para outros tem o travo amargo da partida.

Pára a cidade em favor deste movimento… Choram as pedras da calçada ao som das serenatas em forma de fados… pintam-se ruas do negro que realça pinceladas multicolores, em representação das ciências, letras ou artes… ecoam cânticos, com intensidade máxima até à rouquidão, ao despique por uma ou outra casa… estabelecem-se espaços para festejos asterixianos, à moda gaulesa ou romana, com música, bebida e comida, de todos os tipos e para todos os gostos…

Ri-se, chora-se, dança-se, canta-se, bebe-se muito, pensa-se pouco, encontram-se pessoas, perdem-se outras, em gestos incandescentes que, em absoluto, se reduzem à filosofia do presente.

Despedi-me, sem lágrimas, desta que foi a minha última queima e também os melhores anos da minha vida…
Senti-me feliz por poder partilhar estes dias com os que me são mais queridos. De alguma forma e em algum instante, todos estiveram presentes.

Parei tempo e espaço a fotografar pessoas, lugares, momentos, para que no rescaldo, depois de esmorecida a chama, restem na forma de memórias religiosamente guardadas na caixinha que, em compasso binário, me bate a meio do peito… eternas e imutáveis, qualquer que venha a ser o cenário…

terça-feira, 1 de maio de 2007

Os destinos de Makafur - O duelo

Confronta-te a ti mesmo. És mundano, frívolo e impulsivo. Escondes-te do duelo contigo próprio porque és cobarde. Vence-te no trabalho. Eleva a taça do recibo mensal. Conforta-te nas fnacs do mundo inteiro. Foge em voos de low costs para destinos que não são o teu. Não navegues na imensidão de ti mesmo. Acomoda-te, recosta essa couraça durida em cadeiras massajadoras de alternadeiras. Rende-te à frieza das estatísticas e perde essa estúpida ilusão libertária que te consome. Sê útil aos outros no sacrifício de ti mesmo. Compra um despertador e um relógio. E um GPS e um telemóvel topo-de-gama e um carro e uma cabana e vai aos saldos. Cumpre. Sê sério e razoável. E vota em consciência alheia.
Irritas-me! Irritas-me porque sonegas os pressupostos da lógica quotidiana. Irritas-me pelo que podias ser e não és só porque não queres ou não te apetece ser. E ser é tão difícil. E eu queria ser como tu ou parecido e não consigo. E o que és? Nada! Que "nada" de atrevimento essa tua pouco escrupulosa lata de te me opores. Eu que tudo sou! Eu que cumpro, eu que tenho um relógio distinto e uma bússula digital que me guia até na escuridão. Eu que tenho barba e cabelo religiosamente alinhados? Eu que me ajoelho nas cerimónias osculatórias dos falos alheios? Eu que me fiz em sacrifícios do corpo em busca de um trono?
Por isso desafio-te num duelo de "tudo ou nada", numa roleta do destino decidida nos espadachins da razão e da emoção. Será deus ou Deus o "coupier" que nos baralhos dos nossos destinos se vai rindo das nossas fortunas ou ruinas?

O que conta no universo é mesmo o paraíso no teu olhar..

domingo, 29 de abril de 2007

Pras Fitas que as Pariu!

Fitas? Foram mais que muitas.. Dedicatórias? Já as recebi todas.. Palavras de ocasião? Não, obrigado. Eu queria mesmo era "ser" caloiro. Ter aquela ingénua parvoice de quem cai nas trapaças cíclicas dos doutores. Mas "ser" dos que "são". Não daqueles que se "fazem" como se "farão" daqui a 6 anos em "fitas" absurdas. Fitas? As minhas? Pras fitas que as Pariu!

continuar...

a semana pré queima está aí. todos os "àcidos acumulados" durante este tempo podem finalmente ser libertados numa semna cheia de força.
entretanto há a logística do finalista. fotos, frases, smoking, aile e o pior...fitas. o pá que não há paciência para pedir um a um que mas assinem...e assinar? é uma responsabilidade fodida. quem nos dá uma fita espera que lhe digamos tudo oo que ele é como se isso fosse possível de escrever num pano amarelo que custa largo pa esticar.
há pessoas que preferem fazer rascunho e depois passar. eu não, se é pa ser sincero vai de uma vez e acabou. saia o k saia.
e a mim tb quero k me façam assim. nem que me entreguem uma fita toda borrada, ams ao menos que seja fruto do mais casual que pode sair que, no fundo, é aquilo que nós somos no que realemente interessa - o dia a dia.

nestas alturas aparece mto pessoal das festas. "ai e tal que tou tão triste. parabens a ti tb. chegamos aqui e foi tão bom. ai que isto é tão comovente."

faz falta algum sentimento de cerimónia mas são coisas como tantas outras. não digo que não anseio um pouco o momento da minha imposição... as bocas que me vão mandar...as palmas...a cartola e a bengala...as begaladas, enfim já sabem.

mas o que realmente anseio são os olhares de cumplicidade, no momento em que me tirarem a capa, daqueles que durante este tempo me acompanharam, que me tornaram na pessoa que sou hoje, que me deram oportunidade de viver coisas que nem imaginava algum dia fazer, que me deram sempre tudo sem pedir nada em troca...

a nossa festa é o dia a dia e com ele continuaremos depois da queima.
e por isso é que digo: chorar pk? o que importa fica na mesma...

no momento certo, e certamente com alguma nostalgia que por acaso já sinto ao escrever agora, espero saber agradecer-vos com um simples sorriso esse olhar cumplice que vale mais do que 1000 fitas escritas...


obrigado a todos.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Movimentos Perpétuos

Continuam as comemorações no nosso blog…

Festeja-se neste 25 de Abril a Revolução dos Cravos de 1975, símbolo de democracia e de liberdade, que em 2007 celebra pouco mais que o feriado para pôr o sono em dia, os discursos dos políticos a apregoar os bons valores e as boas intenções e a comunicação social, competindo pelos títulos e programas mais vendáveis.
Restam as memórias e os sentimentos dos que elevaram os cravos nas espingardas ao som da Grândola Vila Morena…

Liberdade?... Democracia?...

Quantas mais revoluções são precisas para acabar com a ditadura incólume do status e da carteira; a manipulação da opinião pública com actos e palavras tendenciosas, numa trama em que não se descortinam vítimas ou feitores; o uso e abuso dos corpos e das almas, num total desrespeito pela dignidade humana, pela exaltação de uns à custa do devassamento da intimidade de outros.

Que é da fraternidade, do amigo em cada esquina, da igualdade em cada rosto pintado, da vontade, na vila morena? Que é da verdade, da justiça, da sinceridade, da entrega, do valor da palavra, da solidariedade?

'O coração de mar e vento, que aos corações lanças redes, és perpétuo movimento, na guitarra do Paredes.
Pões esperança e amargura, ah, vibras sombra e nus nas notas, e em surdina tens gaivotas de saudade e de aventura…
O coração tumultuário, ah, faminto coração, solidário e solitário, a prender nuvens ao chão…
Coração de melodia, um coração em que murmuram sol e lua e se misturam em funda melancolia...
De tantas fomes e sedes, coração terno e vilento, és perpétuo movimento na guitarra do Paredes...
Ah, faminto coração, a prender nuvens ao chão…
'

No refúgio do meu quarto, ao sinal do ‘Coração’ da Mísia, no mesmo dia em que se repôs a liberdade, apelo à revolução dos gestos, com a força de um hino, uma canção ou um poema…

1111

Cantam-se os parabéns ao nosso bloguezinho pelo 1111º vez que foi consultado.
Na verdade este já é o 2º argumento de celebração. Não cheguei a tempo de congratular as 1001 visitas, nem sei se estarei presente no momento da comemoração das 1221, 1331, 1441, 1551, 1661, 1771, 1881, 1991, e assim em diante a começar no 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9, para depois reiniciar no 1, acrescendo um dígito mais. Números que são verdadeiras obras de arte, próximas da perfeição do símbolo e do cálculo entre o par da cabeça e o par da cauda.
Não há grandes explicações sobre estas datas, tal como não as há quanto aos festejos de números arredondados às dezenas. São convenções, e como tal, adoptam-se as que muito bem se entendem.
Na qualidade de madrinha, escolhi os números palindrónicos, mais conhecidos por capicuas, para comemorar, em jeito de agradecimento, a atenção que têm dispensado à nossa criança. Nesta fase inicial, em que dá os primeiros passos, todo o incentivo é importante para adquirir confiança em corridas maiores.
Em breves minutos alguém terá a feliz coincidência de ter o contador de visitas em sintonia com este post. Um momento único e inigualável que espero que não deixe de registar!

Bem hajam!
… e, escrevam mais!

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Através do ecrã

Há cerca de uma semana foi-me entregue um questionário, na aula de psiquiatria, para avaliar o grau de dependência da Internet, cuja pertinência fui constatando à medida que distribua as cruzes pelos diferentes quadrados.
Hoje, na sequência de uma notícia sobre um site criado por dois alunos de engenharia de computadores e telemática da Universidade de Aveiro que permite contabilizar, durante um mês, os navegadores na net em todo o mundo, decidi escrever este post... (um dia cinzento, portanto...). E porque é sempre mais substancial pensar o futuro com os olhos postos no passado, não resisti em pesquisar algumas páginas sobre a sua história.
Em resumo, a International Network foi criada por volta dos anos 60, no contexto da Guerra Fria entre EUA e União Soviética, com fins de transporte e protecção de informação à distância. Foi aperfeiçoada até se obter uma rede com diversos percursos e diversos códigos paralelos, capaz de conectar uma grande área da superfície terrestre, mantendo a segurança do conteúdo transmitido.
Até cerca dos anos 90 era praticamente usada com fins militares.
A partir desta altura, com a criação do World Wide Web, a Internet transformou-se num sistema global público, assumindo primeiro um papel revolucionário nas áreas industrial, informática, comercial, científica, educacional, administrativa, e posteriormente na interacção e relacionamento interpessoal.
E se as vantagens da Internet são inúmeras e incontestáveis, não deixa de haver um reverso da medalha.
Sobre os inconvenientes técnicos abstenho-me de falar delegando a tarefa aos mais entendidos. Refiro-me antes ao espaço que tem vindo a ocupar na rotina diária, não só como meio de acesso à informação, mas também como meio de relacionamento interpessoal.
E no que a inconvenientes diz respeito, tanto mais perigosos quanto maior a imaturidade do utilizador, enumeram-se desde o proporcionar contactos com desconhecidos, à disseminação dos mercados mais perversos ou simplesmente, à substituição do café depois de jantar com os mesmos amigos com que se têm intermináveis conversas pós-prandiais, no IRC ou MSN.
Mudam os rituais ao chegar a casa. O botão da TV ou da aparelhagem tem vindo a ser substituído pelo do PC ou portátil.
Pelo impacto crescente nas camadas mais jovens, já há escolas do ensino básico e preparatório, aqui no Porto, em que se rejeitam bibliografias retiradas da Internet, com o objectivo de preservar os hábitos de consulta de livros nas bibliotecas.

Que outras implicações futuras?

domingo, 22 de abril de 2007

Volto já

Faço e refaço parágrafos de um texto que se pretende interessante e correctamente escrito...
Tenho o tema e as palavras certas. Falta-me a inspiração, e é como que se me faltasse o engenho no acto de transformação da matéria prima…
Lá fora, o sol e a luz que deliciosamente me queimam a pele, o cheiro da erva molhada a crescer, os chilreios que acordam da hibernação do Inverno, a cor das flores nos canteiros, a brisa que me despenteia os cabelos e infunde a sensação de frescura. Tudo isto me eleva à paz interior, e dissolve a inquietude, tristeza, desilusão, frustração, por que espontaneamente se move o meu punho no gesto terapêutico da escrita.
Gosto de manter a naturalidade no que vou fazendo e por isso aguardo o limiar claustrofóbico das obrigações profissionais, associado à programada inversão de sono estival, para recuperar a taxa de produção inicial.
Para bem e para o mal, sinto que não levará muito tempo…

terça-feira, 17 de abril de 2007

Os destinos de Makafur

Fora sempre só e sozinho. Ditara na roleta da vida a sua sorte. Atirara nas cartas tarolescas o burlesco da sua vida. Decidara-se a não precipitar decisões e não antecipar mais do que o segundo o seu fado. Entregara o futuro às predestinações das incertezas e perdera-se nas fumaças cachimbescas e nos tragos deleitosos de destilarias duvidosas. Quem era Makafur? Envolvera-se numa aura de mistério onde se escondia de si a si próprio numa busca interminável. Pensava a condição humana e a sua e nossa pequenez relativizando o absoluto das convicções alheias, rendendo-se às formas fatais de quando em vez. Já Blinkie, fiel companheiro, era o engenheiro de si próprio. Independente e pragmático, programava à distância de anos os seus passos certinhos sem nunca acreditar que um dia tropeçaria em si próprio estendendo-se no tapete da vida. De quando em vez, Makafur pedia a Blinkie o seu código moral elevado emprestado e anotava num papel em branco as suas incontáveis incoerências. Blinkie repreendia-o com a precisão de um seminarista. Makafur respondia com um aceno cúmplice mas desinteressado dessas coisas da moralidade ou, pelo menos, de um tão alto que de tão alto é inantigível, nível de moralidade. Não sei o que é feito de Makafur. Blinkie cumpriu-se mas debate-se com os impostos taxados do sucesso.

"A vida é feita de encontros, desencontros e hallibut"

domingo, 15 de abril de 2007

Instantes decisivos

Por definição, aqueles momentos, mais ou menos dependentes do nosso livre arbítrio, que marcam um rumo a seguir.

Um comboio perdido, um despertador desligado, um café entornado… acontecimentos aparentemente insignificantes que têm o poder de mudar uma vida ao catapultarem uma sequência que eventos que conduzam ou afastem uma oportunidade de progredir na carreira, uma viagem de sonho, um grande amor…
Atribuam-nos a Deus, ao destino ou simplesmente ao acaso. Ocorrências tangentes, inesperadas, de que, na maioria das vezes, não conhecemos as implicações.
Ai, doce inconsciência…

Outros há que dependem exclusivamente da determinação da mente e da precisão dos gestos: um encontro propositadamente falhado, uma sms enviada, um sim, um não… Gestos simples, mas igualmente pujantes para comprometer o desfecho de um, ou dois, ou três, ou inúmeros enredos entrelaçados por um objectivo comum. Distinguem-se dos anteriores em consciência e intenção, num processo mais ou menos pacífico de avaliação de prós e contras para o ‘eu’ e, em função do grau de egoísmo de cada um, também para ‘o outro’.

Poucas são as certezas nesta dança de avanços e recuos. Nunca nos será permitido voltar no tempo ou saber o que teria acontecido se em vez da esquerda tivesse metido pela direita. São as regras de um jogo que pode ter recompensas muito grandes ou custos ainda maiores…

Escolhe-se, arrisca-se, conquista-se, perde-se, carregam-se umas culpas e libertam-se outras, choram-se lágrimas, largam-se gargalhadas… VIVE-SE!

Impossível evitar danos colaterais. A nossa natureza social, cruzada com a animal, a isso obriga no sentido da sobrevivência, a do corpo e da alma.

Para o Avô Abílio

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Ó PAh.. que chatice...

Por muito que custe a alguns arautos da política nacional o cidadão José Sócrates foi eleito pela expressa maioria do eleitorado nacional. Por muito que custe a outros, nem foi eleito pelo seu programa eleitoral mas, especulo eu, pelo desalento de uma direita (qual direita?) que traiu toda uma nação numa jogada de troca de cadeiras que roçou o ridículo. Por muito que custe, um país ressabiado deu-lhe os plenos poderes de uma maioria absoluta para que, pelo menos durante uns tempos, o circo políticozinho nacional acalmasse as suas palhaçadas. Por muito que nos ou vos custe, ele é primeiro-ministro indigitado em eleições livres e democráticas. Não consta que se tenha candidatado por ser engenheiro, engenheiro técnico ou por ter um curriculum académico brilhante. A malta votou no "Zé" porque, em boa verdade, era a única solução credível. E nisto dos votos, o povo não é nada estúpido. Substituindo-se ao povo, talvez insatisfeitos por uma qualquer decisão que lhes é desfavorável, alguns opinion makers da portuguese press lançam-se como feras procurando os defeitos do "Zé". É óbvio que o homem deve estar cheio de podres. É humano.. ainda por cima político. Mas roça o pior mau gosto ver o que um site de um semanário hoje (ontem - 11 Abril) publicava. Umas folhas em pdf com todos os contactos e dados pessoais do cidadão primeiro deste país. Entretanto, talvez alguém se tenha apercebido da borrada imensa, e ressurge o supra-citado ficheiro já com os dados mais sensíveis apagados. Continua a burrice pois o primeiro ficheiro ainda existe. Enfim. Não estará o jornalismo português a um nível ainda mais baixo que o dos nossos políticos? E que interessa à nação lusitana se o Sócrates foi bom ou mau aluno? Se é licenciado ou bacharel? Se pedia o título de dr. sem o merecer? Por mim tanto se me dá. Desde que como primeiro ministro seja bom, eficaz e sincero. Não vasculharemos o seu passado numa caça às bruxas que mais parece um julgamento de carácter em hasta pública e cujas motivações não serão seguramente as melhores. Não desmerecendo as da especialidade, o jornalismo político português está ao nível das revistas cor-de-rosa. E não parece que tão cedo daí saia. É uma chatice.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Tolerância

A forma de lidar com a diferença...

domingo, 8 de abril de 2007

Rabbits & Chocolat

Hoje o sol entrou pelos buracos da janela assinando com circulares raios de luz mais um equinócio. Celebram-se passagens para a liberdade e fugas dos egiptos, vitórias sobre a morte depois de grandes privações, comem-se ovos e chocolate glorificando as próximas colheitas que se querem melhores que as dos anos anteriores. Apela-se à fecundidade alheia. Os americanos celebram com orgias quasi romanas o seu "spring break". Os finalistas partem para paradisíacos destinos. Por cá fuma-se JPS no lamento da troca de maços e pensa-se no que ainda estará por vir. Adoro equinócios. Cenários de lua cheia que levam para bem longe o frio do inverno e trazem aquele quentinho bom onde os tops se mostram rasgados e as saias parecem cintos. Há um certo pre-determinismo epifiseal em tudo isto. Oxalá os meus córtices associativos ainda consigam controlar os impulsos mais primitivos se bem que há por aí quem diga que tenho o termostato avariado. São os tempos em que se baralham os destinos e se voltam a dar as mãos das cartas numa confusão facilmente previsível. Pergunto-me como estaremos quando acabar o verão...

Afinal de contas, o passado foi lá atrás. Boa páscoa! Curtam muito meus ressabiados!

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Uma paleta de cores

Cor é luz! Percepção óptica dos raios que um objecto reflecte, que penetra a pupila, atravessa a lente e pousa directamente na retina do olho. Estímulo para cones e bastonetes, que o tornam eléctrico e o fazem chegar ao occipital, onde ganha forma, e aos restantes córtices, onde ganha significado.

Tempero da realidade, em frequências e intensidades que variam em espectro contínuo do preto, ausência de luz que traduz o misticismo e o segredo, ao branco, cor da paz, da neutralidade, da pureza.

Existem em estado puro ou combinado. São puras o amarelo, que diz alegria, criatividade, energia, o ciano, cor da tranquilidade, da segurança, da clareza mental, e o magenta, que exprime paixão, combate e conquista.

Combinadas resultam em verde, a mais harmoniosa e calmante das cores, evocadora da esperança do equilíbrio e da vida, laranja, símbolo da tolerância, cordialidade e atracção, e violeta, a intuição, transformação, inspiração espiritual.

Imensidade de tons que derivam de uma pincelada mais forte de uma ou de outra, com identidades e efeitos muito próprios...

Prendamo-lo, Sr. Francesinhus, com esta paleta de cores para poder pintar um arco-íris de posts! :)

Os ressabiados deste blog desejam que o SEU DIA não seja passado a preto e branco!

Beijinho da menina e abraços dos meninos! :)

terça-feira, 3 de abril de 2007

The Power of Love

Sim, houve pelo menos 3 hits dos gloriosos anos 80 com este nome...
A propósito deste post, e uma vez que estamos em fase festiva e em plenas mostras de amor e afecto pelo próximo, apetece-me deixar aqui uma ideia, um pensamento, uma intuição, algo que gostava de partilhar com o painel deste blog e com os (alguns) leitores deste pasquim cibernético.
Não é notoriamente um ressabianço pois nem só de pão vive este blog. É uma experiência de vida, fruto de muita cabeçada na parede branca que invariavelmente punha em causa a necessidade imediata de hyrudoid para uma eficaz cicatrização da ferida amorosa...

Chamem-me o que quiserem, ainda por cima a escrever a rosa e tudo mas não podia deixar de dizer isto aqui a propósito de AMOR:

"amor não é nada mais do que dar ao outro não o que ele quer mas sim o que ele precisa..."

E pouco mais...

domingo, 1 de abril de 2007

Nem tudo é o que parece

Acácio, uma velha cegonha-preta reformada, habituada às hostilidades das regiões interiores e isoladas, a mais forte e mais experiente do bando, recorda hoje uma missão que cumpriu há pouco mais de um quarto de século.

Chegada a Primavera, os pedidos de herdeiros ao berçário celeste multiplicavam-se. O processo de selecção e distribuição das crias, bem como a organização do transporte decorrera dentro do que estava previsto.

Ambrósio, um maguari de alta competição, capaz de igualar em velocidade um falcão-peregrino, ficara encarregue de levar o ‘berço K’, por sinal o bebé mais resmungão que por ali passara nos últimos tempos. Para os mandarins importados directamente da Austrália que habitualmente cuidavam dos rebentos, foi um autêntico alívio. Constava-se que o catraio congeminava a revolução de toda a sala contra o leite em pó!

Embrulhou-o numa fralda alcochoada e resistente às diferenças térmicas das atmosferas, e partiu em direcção à morada indicada.
Regressou furioso poucos minutos depois, reclamando uma indemnização por danos morais. Então não é que o embrulho, mal haviam descolado, já lhe tinha arrancado um punhado penas do peito? Como poderia agora participar nos documentários do National Geographic?
Keminho regeressou ao berço K e ficou de castigo, em regime de isolamento durante 2 dias.

Fizeram-se os preparativos para uma nova viagem, rumo à que iria ser a sua casa de sempre. Escolheu-se para isso Gertrudes, uma cegonha-branca-oriental encantadora, com a mais sedutora penugem branca e peito de rola, cobiçada por todos os voadores dos céus.
Poucos minutos passaram até se aperceber que levava o malandro pendurado no decote!...
Escandalizada com o atrevimento, voltou para trás no mesmo instante, e só não largou a trouxa porque iria, certamente, para o desemprego.

Tentou a cegonha Júlio, Aurora, Agostinho, Francisca… Todos tentaram a proeza de levar o Keminho a casa, infrutiferamente…

Foi quando se contratou o Bob, uma musculada cegonha-de-storm, com óculos escuros e casaco camuflado. Bob não falharia a entrega daquele pestinha, pensavam todos.
A primeira meia-hora, o tempo suficiente para Keminho engendrar um plano, decorreu sem complicações. Bob já dava a tarefa por cumprida, quando o pequeno começa a contar uma história que ouvira às catatuas. Os sacis, mais conhecidos por cucos, preparavam uma armadilha a Bob naquela viagem. Nunca o perdoaram por não lhes ter emprestado o ninho, na época anterior!
A história era metade verdade, metade criação. O ressentimento dos cucos era verdadeiro, mas não a armadilha. E com isto, rapidamente convenceu a cegonha-de-storm a regressar ao berçário.

Não é que Keminho não quisesse chegar a casa, queria, mas na verdade, dava-lhe um certo gozo pôr todos à beira de um ataque de nervos!

Desesperados com a aproximação do prazo da entrega, foram então aconselhar-se com o velho Acácio. Ouviu, acariciou as barbas enquanto pensava e decidiu fazer ele mesmo a viagem! As articulações estavam um pouco enferrujadas e a caixa-de-ar reduzida a metade, mas não perdia nada em tentar.

Partiu no dia 1 de Abril, sobrevoando as margens do Douro e os taludes onde, ao sol primaveril, amadureciam os bagos de uva.
Acácio ia voando e trauteando histórias daquelas paragens, de conquistadores e conquistados, da abundância e de fome, de amores e desamores, que o catraio, de cabelo espetado e olhar de rufião, ouvia absolutamente extasiado. Remonta aqui o seu profundo respeito pela sapiência das barbas brancas.

Pernoitaram em terras de Alvarinho, que passariam a ser também as suas, as que haviam escrito a história dos seus antepassados.

À morada dos futuros papás, chegou no dia seguinte.
Acácio colocou-o à porta, adormecido num berço azul e branco que arranjara pelo caminho. Num alfinete-de-ama preso aos lençóis deixou um bilhete dizendo: ‘Nem tudo é o que parece!’.

Keminho tornou-se Kemo! De nome completo, Kemo Pan ResSabe.

Não se poupou a arranhões e nódoas negras, melhor, continua sem se poupar a arranhões e nódoas negras, e lá vai seguindo o seu caminho, meio perdido, meio encontrado, entre o devaneio e a realidade.

Os Parabéns e as prendas ficam por conta dos amigos. Nós, ressabiados deste blog, limitamo-nos a recordar-te que agora o arredondamento é para os trintas!...

Tenha um bom dia, Sr. Kemo Pan ResSabe! Especialmente hoje, o team d’ O Ressaibo brinda a si!...

Às voltas com a verdade...

a partir de amanhã sou um menino certinho. Feliz 1 de abril.

sábado, 31 de março de 2007

… nem de shorts e havaianas!

Num gesto tão rápido e simples quanto o inserir ‘PNR’ na frame do google que me transportou directamente ao site do partido, pus-me pela primeira vez em contacto com as motivações, abordagens, propaganda política e opiniões dos seus representantes.

Ainda que considere legítima a preocupação com a ascensão da extrema-direita e com o seu acesso às camadas geracionais mais jovens, consequentemente com menos capacidade crítica, julgo que continua a não haver espaço para que esta corrente assuma uma importância significativa.

Num discurso agressivo, ressentido e vitimizante, que faz uso repetido de palavras como ‘inimigos’, ‘lavagens cerebrais’, ‘traidores’, ‘perseguições’, ‘discriminação’, assumem as posições esperadas em relação à família, à economia, à justiça, à criminalidade, à imigração, à segurança, ao trabalho. Parecem ter as soluções para as principais problemáticas sociais, económicas e financeiras do país, os imigrantes, os marginais, os grandes grupos económicos que se vêm apoderando das propriedades do estado…
Quanto ao fazerem de Portugal o paraíso celeste, ficam só dúvidas quanto ao modo… ou nem isso, se for atribuído o devido valor às palavras ou ao ‘tom’ em que se escreve!

Na verdade, a curiosidade que me levou a abrir o site do PNR foi tentar perceber se de alguma forma, depois dos exemplos históricos de ditaduras, os ideais de extrema-direita tinham sofrido algum tipo de adaptação aos tempos correntes no sentido da moderação.

Crédito desperdiçado…Continuam a fazer jus ao nome e assim sendo, confio que, nem a falta de pão a cada vez mais famílias portuguesas, os recolocará no poder.

As necessidades básicas mantêm-se, mas mentalidade da sociedade mudou alguma coisa desde que Salazar ditou em Portugal. Fala-se, concreta ou hipoteticamente, em realidades como ‘despenalização do aborto’, ‘casamento de homossexuais’, ‘adopção de crianças por casais homossexuais’, ‘despenalização de drogas leves’, ‘eutanásia’, que a meu ver, são apenas uma questão de tempo… Caminha-se no sentido da globalização, de pessoas, bens, serviços… Opta-se pelo ateísmo, as uniões de facto, o descomprometimento interpessoal… Ainda se ouve Zeca Afonso!... Jorge Palma, Sérgio Godinho, Da Weasel, Blind Zero…

Um Salazar a governar a geração morangos com açúcar?... Hummmm… nem de shorts e havainas!... :P

quarta-feira, 28 de março de 2007

Extrema Direita

Há séculos que não escrevo, por motivos profissionais (quem bem que isto soa) e por andar a desenvolver a arte de bem ressabiar ao vivo e a cores. O post prometido acerca de regras vai ter de esperar por melhores dias, e já tenho até alguns outros que quereria postar, mas algo lido hoje não podia deixar de passar incólume.

Extrema-direita quer entrar nas secundárias e universidades

Assustador.

Já não nos chegava termos as JSD, JS, JP e JC a tentar minar o movimento associativo, agora também nos temos de preocupar com esses.

Assustador.

Haver gente suficiente que vote em representantes da extrema direita para porem sequer a hipótese de ganharem.

Assustador.

A representante do movimento ser aluna de medicina. Um dia será médica. O que dirá quando tiver de tratar um doente negro, cigano, indiano? Será objectora de consciência? Fará um ensaio clínico?

Assustador

Lido no dia em que ainda estou a digerir e tentar compreender a eleição do maior português de sempre. Ver o nosso antigo ditador eleito, principalmente com os votos das novas gerações, dá-me calafrios. Por muito que estejam desiludidos com o poder instituido, com os actuais partidos, com o estado da nação! Há coisas com que não se brinca. Imaginem o que era um concurso destes na alemanha com Hitler a ser o vencedor. Não me venham dizer que não é a mesma coisa. É exactamente a mesma coisa, mas à escala Portuguesa.

terça-feira, 27 de março de 2007

Histórias de amor e ódio

Pergunto-me o que de magnético existe na ambivalência de amar e odiar alguém, ou amar alguém e odiarmo-nos por isso.

Relações desiguais, em que uma das partes se esgota em favor do outro, na tentativa de lhe proporcionar o melhor ou aquilo que considera ser melhor… um porto de abrigo… conteúdo para um continente de capacidade universal, que se perde no desvario da busca do incógnito, e com isso suga, dia após dia, a seiva que ao outro alimenta o corpo e a razão.

O que faz com que se escolha, a cada momento, ficar junto de alguém que se conhece bem demais e cujos defeitos, numa continuidade indefinida com o feitio, abominam até à corrosão visceral?... O que move o ser humano nestas frentes inglórias de querer contrariar a natureza de alguém no sentido da adaptação social... ou conjugal?

Qual sentimento transcendental capaz de sobreviver à aridez do deserto de cada encontro falhado, ou às intempéries do oceano de lágrimas em cada verdade decifrada na mentira dos gestos?

Conflito insolúvel entre a liberdade do ‘eu’ e a comunhão da pureza de uma aura selvagem, por si só destinada a perder-se na imensidão do sensorial...

segunda-feira, 26 de março de 2007

O Grande Português

1931, o estudante Branco é morto pela PSP, durante uma manifestação no Porto;
1932, Armando Ramos, jovem, é morto em consequência de espancamentos; Aurélio Dias, fragateiro, é morto após 30 dias de tortura; Alfredo Ruas, é assassinado a tiro durante uma manifestação em Lisboa;
1934, Américo Gomes, operário, morre em Peniche após dois meses de tortura; Manuel Vieira Tomé, sindicalista ferroviário morre durante a tortura em consequência da repressão da greve de 18 de Janeiro; Júlio Pinto, operário vidreiro, morto à pancada durante a repressão da greve de 18 de Janeiro; a PSP mata um operário conserveiro durante a repressão de uma greve em Setúbal
1935, Ferreira de Abreu, dirigente da organização juvenil do PCP, morre no hospital após ter sido espancado na sede da PIDE (então PVDE);
1936, Francisco Cruz, operário da Marinha Grande, morre na Fortaleza de Angra do Heroísmo, vítima de maus tratos, é deportado do 18 de Janeiro; Manuel Pestana Garcez, trabalhador, é morto durante a tortura;
1937, Ernesto Faustino, operário; José Lopes, operário anarquista, morre durante a tortura, sendo um dos presos da onda de repressão que se seguiu ao atentado a Salazar; Manuel Salgueiro Valente, tenente-coronel, morre em condições suspeitas no forte de Caxias; Augusto Costa, operário da Marinha Grande, Rafael Tobias Pinto da Silva, de Lisboa, Francisco Domingues Quintas, de Gaia, Francisco Manuel Pereira, marinheiro de Lisboa, Pedro Matos Filipe, de Almada e Cândido Alves Barja, marinheiro, de Castro Verde, morrem no espaço de quatro dias no Tarrafal, vítimas das febres e dos maus tratos; Augusto Almeida Martins, operário, é assassinado na sede da PIDE (PVDE) durante a tortura ; Abílio Augusto Belchior, operário do Porto, morre no Tarrafal, vítima das febres e dos maus tratos;
1938, António Mano Fernandes, estudante de Coimbra, morre no Forte de Peniche, por lhe ter sido recusada assistência médica, sofria de doença cardíaca; Rui Ricardo da Silva, operário do Arsenal, morre no Aljube, devido a tuberculose contraída em consequência de espancamento perpetrado por seis agentes da Pide durante oito horas; Arnaldo Simões Januário, dirigente anarco-sindicalista, morre no campo do Tarrafal, vítima de maus tratos; Francisco Esteves, operário torneiro de Lisboa, morre na tortura na sede da PIDE; Alfredo Caldeira, pintor, dirigente do PCP, morre no Tarrafal após lenta agonia sem assistência médica;
1939, Fernando Alcobia, morre no Tarrafal, vítima de doença e de maus tratos;
1940, Jaime Fonseca de Sousa, morre no Tarrafal, vítima de maus tratos; Albino Coelho, morre também no Tarrafal; Mário Castelhano, dirigente anarco-sindicalista, morre sem assistência médica no Tarrafal;
1941, Jacinto Faria Vilaça, Casimiro Ferreira; Albino de Carvalho; António Guedes Oliveira e Silva; Ernesto José Ribeiro, operário, e José Lopes Dinis morrem no Tarrafal;
1942, Henrique Domingues Fernandes morre no Tarrafal; Carlos Ferreira Soares, médico, é assassinado no seu consultório com rajadas de metralhadora, os agentes assassinos alegam legítima defesa (?!); Bento António Gonçalves, secretário-geral do P. C. P. Morre no Tarrafal; Damásio Martins Pereira, fragateiro, morre no Tarrafal; Fernando Óscar Gaspar, morre tuberculoso no regresso da deportação; António de Jesus Branco morre no Tarrafal;
1943, Rosa Morgado, camponesa do Ameal (Águeda), e os seus filhos, António, Júlio e Constantina, são mortos a tiro pela GNR; Paulo José Dias morre tuberculoso no Tarrafal; Joaquim Montes morre no Tarrafal com febre biliosa; José Manuel Alves dos Reis morre no Tarrafal; Américo Lourenço Nunes, operário, morre em consequência de espancamento perpetrado durante a repressão da greve de Agosto na região de Lisboa; Francisco do Nascimento Gomes, do Porto, morre no Tarrafal; Francisco dos Reis Gomes, operário da Carris do Porto, é morto durante a tortura;
1944, general José Garcia Godinho morre no Forte da Trafaria, por lhe ser recusado internamento hospitalar; Francisco Ferreira Marques, de Lisboa, militante do PCP, em consequência de espancamento e após mês e meio de incomunicabilidade; Edmundo Gonçalves morre tuberculoso no Tarrafal; assassinados a tiro de metralhadora uma mulher e uma criança, durante a repressão da GNR sobre os camponeses rendeiros da herdade da Goucha (Benavente), mais 40 camponeses são feridos a tiro.
1945, Manuel Augusto da Costa morre no Tarrafal; Germano Vidigal, operário, assassinado com esmagamento dos testículos, depois de três dias de tortura no posto da GNR de Montemor-o-Novo; Alfredo Dinis (Alex), operário e dirigente do PCP, é assassinado a tiro na estrada de Bucelas; José António Companheiro, operário, de Borba, morre de tuberculose em consequência dos maus tratos na prisão;
1946, Manuel Simões Júnior, operário corticeiro, morre de tuberculose após doze anos de prisão e de deportação; Joaquim Correia, operário litógrafo do Porto, é morto por espancamento após quinze meses de prisão;
1947, José Patuleia, assalariado rural de Vila Viçosa, morre durante a tortura na sede da PIDE;
1948, António Lopes de Almeida, operário da Marinha Grande, é morto durante a tortura; Artur de Oliveira morre no Tarrafal; Joaquim Marreiros, marinheiro da Armada, morre no Tarrafal após doze anos de deportação; António Guerra, operário da Marinha Grande, preso desde 18 de Janeiro de 1934, morre quase cego e após doença prolongada;
1950, Militão Bessa Ribeiro, operário e dirigente do PCP, morre na Penitenciária de Lisboa, durante uma greve de fome e após nove meses de incomunicabilidade; José Moreira, operário, assassinado na tortura na sede da PIDE, dois dias após a prisão, o corpo é lançado por uma janela do quarto andar para simular suicídio; Venceslau Ferreira morre em Lisboa após tortura; Alfredo Dias Lima, assalariado rural, é assassinado a tiro pela GNR durante uma manifestação em Alpiarça;
1951, Gervásio da Costa, operário de Fafe, morre vítima de maus tratos na prisão;
1954, Catarina Eufémia, assalariada rural, assassinada a tiro em Baleizão, durante uma greve, grávida e com uma filha nos braços;
1957, Joaquim Lemos Oliveira, barbeiro de Fafe, morre na sede da PIDE no Porto após quinze dias de tortura; Manuel da Silva Júnior, de Viana do Castelo, é morto durante a tortura na sede da PIDE no Porto, sendo o corpo, irreconhecível, enterrado às escondidas num cemitério do Porto; José Centeio, assalariado rural de Alpiarça, é assassinado pela PIDE;
1958, José Adelino dos Santos, assalariado rural, é assassinado a tiro pela GNR, durante uma manifestação em Montemor-o-Novo, vários outros trabalhadores são feridos a tiro; Raul Alves, operário da Póvoa de Santa Iria, após quinze dias de tortura, é lançado por uma janela do quarto andar da sede da PIDE, à sua morte assiste a esposa do embaixador do Brasil;
1961, Cândido Martins Capilé, operário corticeiro, é assassinado a tiro pela GNR durante uma manifestação em Almada; José Dias Coelho, escultor e militante do PCP, é assassinado à queima-roupa numa rua de Lisboa;
1962, António Graciano Adângio e Francisco Madeira, mineiros em Aljustrel, são assassinados a tiro pela GNR; Estêvão Giro, operário de Alcochete, é assassinado a tiro pela PSP durante a manifestação do 1º de Maio em Lisboa;
1963, Agostinho Fineza, operário tipógrafo do Funchal, é assassinado pela PSP, sob a indicação da PIDE, durante uma manifestação em Lisboa;
1964, Francisco Brito, desertor da guerra colonial, é assassinado em Loulé pela GNR; David Almeida Reis, trabalhador, é assassinado por agentes da PIDE durante uma manifestação em Lisboa;
1965, general Humberto Delgado e a sua secretária Arajaryr Campos são assassinados a tiro em Vila Nueva del Fresno (Espanha), os assassinos são o inspector da PIDE Rosa Casaco e o subinspector Agostinho Tienza e o agente Casimiro Monteiro;
1967, Manuel Agostinho Góis, trabalhador agrícola de Cuba, more vítima de tortura na PIDE;
1968, Luís António Firmino, trabalhador de Montemor, morre em Caxias, vítima de maus tratos; Herculano Augusto, trabalhador rural, é morto à pancada no posto da PSP de Lamego por condenar publicamente a guerra colonial; Daniel Teixeira, estudante, morre no Forte de Caxias, em situação de incomunicabilidade, depois de agonizar durante uma noite sem assistência;
1969, Eduardo Mondlane, dirigente da Frelimo, é assassinado através de um atentado organizado pela PIDE;
1972, José António Leitão Ribeiro Santos, estudante de Direito em Lisboa e militante do MRPP, é assassinado a tiro durante uma reunião de apoio à luta do povo vietnamita e contra a repressão, o seu assassino, o agente da PIDE Coelha da Rocha, viria a escapar-se na "fuga-libertação" de Alcoentre, em Junho de 1975;
1973, Amilcar Cabral, dirigente da luta de libertação da Guiné e Cabo Verde, é assassinado por um bando mercenário a soldo da PIDE, chefiado por Alpoim Galvão;
1974, (dia 25 de Abril), Fernando Carvalho Gesteira, de Montalegre, José James Barneto, de Vendas Novas, Fernando Barreiros dos Reis, soldado de Lisboa, e José Guilherme Rego Arruda, estudante dos Açores, são assassinados a tiro pelos pides acoitados na sua sede na Rua António Maria Cardoso, são ainda feridas duas dezenas de pessoas. Etc Etc

Danos colaterais de um grande português?

sexta-feira, 23 de março de 2007

Uma sementinha de esperança!

Hoje, alguém me acendeu uma luzinha na escuridão do desencanto com o ensino superior, nomeadamente no que é praticado na minha faculdade, que afinal, é o que melhor conheço.

Na sequência da organização de um evento que celebra os 25 anos da respectiva Associação de Estudantes, dirigi uma carta a dois notáveis Professores Doutores desta casa, solicitando sugestões literárias que considerassem marcos importantes na formação pessoal dos seus alunos.

Se a um deles pude observar a expressão de contentamento quando, num casual encontro no bar, lhe entreguei a carta ao mesmo tempo que lhe explicava o seu conteúdo, o outro, duas ou três horas depois de ter deixado a carta com a secretária, o mesmo que levei quase um mês a encontrar quando era delegada da cadeira que regia, ligou-me para o telemóvel manifestando toda a disponibilidade e interesse em participar na montagem da dita exposição. Mais, pedi a ambos uma lista de 15-20 livros, pensando que não seria mau se cada um me indicasse 10, e se um deles me responde que ia escolher 5 lotes de 20 livros, fazendo o respectivo comentário de cada um, o outro, além dos livros também comentados, ofereceu-se para os pedir emprestados a um livreiro amigo.

Não é que estejamos habituados a que os Professores nos fechem a porta quando a eles recorremos. Seria muito injusta se o afirmasse. Mas a verdade é que há muito tempo que não sentia tal entusiasmo e prontidão na colaboração com os nossos projectos, sobretudo quando se tratam de coisas simples e com pouca visibilidade nos meandros fmupianos.

Tenho estado até agora a pensar no distanciamento entre professor-aluno e na impessoalidade da formação superior. Há um sentimento de ‘desencontro’ que parece ser recíproco, um desajuste entre o que procuramos neles e o que eles procuram em nós… Quiçá ambas as partes estejam a ser valorizadas de forma errada: os professores catedráticos, austeros e inacessíveis, que apontam o ceptro e lançam a maldição do chumbo; os alunos desmotivados e imaturos, que ‘só organizam eventos patrocinados pela Super-Bock’.*

Uma simples exposição literária que foi para mim uma sementinha de esperança… :)

* por Professor Doutor H.B. (grrr...)

quarta-feira, 21 de março de 2007

Boas vindas!

Ouvi há uns tempos um prezado psiquiatra da nossa faculdade, da área da psicanálise, a dissertar sobre ‘a mentira’. Distinguiu a mentira sádica, da mentira protectora, e esgotou o assunto a um nível tão basal que realmente mudou a minha visão.

Ainda que a continue a evitar e prefira viver com base em premissas verdadeiras, passei a atribuir-lhe um significado muito mais inocente, um acto muito mais humano do que a própria verdade… a mesma verdade que, no fundo, nunca é absoluta, mas relativa!...

O teu post fez-me pensar noutro aspecto, o da valorização. Talvez entre ‘mentira’ e ‘verdade relativa’ não haja uma distância assim tão grande… talvez se afastem precisamente pelo efeito que produzem na consciência de cada um, ou pela consonância ou divergência de percepções de uma mesma realidade...

Seja muito bem-vindo, Sr. Francesinhus!

terça-feira, 20 de março de 2007

Verdade ou consequência

Há qualquer coisa em mim que me faz detestar mentir. Não que não o faça mas sim que o deteste fazê-lo.
Não sei bem porquê. Nem o sei explicar. Mas hoje uma mentira que disse na recepção do meu ginásio pôs-me a pensar nisso.
Que raio de coisa são estes valores e os contra-valores que nos fazem pensar nestas merdices depois de termos feito tudo mal. E pior, ficamos a sentirmo-nos mesmo mal.
E quem ou o que nos fez não podia ter feito pior (ou melhor na sua imensa óptica)...

Canecos, acho que o caminho para o ateísmo começa mais ou menos assim... E pelo que conheço é mais ou menos irreversível...

segunda-feira, 19 de março de 2007

Aos Homens que um dia serão Pais…

E se há pouco mais de uma semana o dia era d’elas, hoje o dia é, definitivamente, d’Eles!
Os meus sinceros cumprimentos aos Pais e filhos, maridos, namorados, companheiros, amigos, irmãos, primos… que um dia serão Pais! :P
Usando um formato similiar ao do post de 8 de Março, antes de tecer qualquer tipo de comentário, gostaria de deixar uma pequena resenha histórica acerca deste dia. (Para depois não dizerem que eu só pio sobre estatísticas… :P)

Foi em 1909 que uma norte-americana, Sonora Dodd, decidiu fundar um dia para homenagear ‘os pais’, em memória do seu próprio pai, que criou os 6 filhos sozinho aquando da morte da esposa. Este dia foi comemorado pela primeira vez na sua cidade em 1910, mas só foi oficialmente reconhecido em 1972, quando o Presidente Richard Nixon o fez publicar na legislação americana.
Em Portugal, celebramo-lo a 19 de Março, dia de S. José, mas este dia varia muito de país para país em data e significado. No Brasil, África do Sul e Austrália, por exemplo, festeja-se no segundo domingo de Setembro; na Alemanha coincide com o dia da Ressurreição de Jesus Cristo; na Argentina festeja-se no 3º domingo de Setembro; no Canadá e na Grécia celebra-se em Junho, nos dias 17 e 21 respectivamente. Na Rússia, não existe com a denominação de ‘Dia do Pai’, mas como ‘Dia do Defensor da Pátria’, a 23 de Fevereiro.

Voltando à nossa realidade, num presente marcado pelo descontentamento generalizado, até a parentalidade está em crise.
Também, mas não só, consequência das exigências profissionais e materiais de uma sociedade cada vez mais competitiva, a verdade é que os pais se demitem da responsabilidade de educar os seus próprios filhos. E faltam no que mais é básico para o estabelecimento dos alicerces de uma personalidade bem formada: regras, mimo e cuidado (no sentido mais delicado do termo).

A título de ilustração, reparem que as consultas de pedopsiquiatria estão atulhadas de crianças inseguras com alterações de comportamento. Vi tratarem a maioria dos casos de ‘hiperactividade’, que na verdade são mais ‘tentativas para chamar a atenção’, e enurese, com ‘abracinhos de chocolate e de morango 30 min antes de ir para a cama’.
Na porta ao lado, a pediatra da consulta de obesidade infantil não tem mãos a medir. Recentemente puseram duas bandas gástricas a uma menina de 7 anos com 90Kg e a um menino de 13, com 130Kg. Não havia suporte familiar para ajudar aquelas duas crianças a diminuir de peso; estavam já a desenvolver as comorbilidades próprias de ‘adulto’ associadas ao excesso de peso.
Curiosamente, na porta a seguir, na consulta de desenvolvimento infantil, multiplicam-se os casos de anorexias e bulimias nervosas. Segundo a especialista mais graduada da área, aparecem cada vez mais precocemente e a história é muito típica: a menina rechonchuda que tem uma irmãzinha mais nova, por sinal bem mais elegante, com quem os pais a estão constantemente a comparar; o resultado são anorexias gravíssimas a começar aos 8 anos de idade e que se prolongam durante a adolescência, para desespero de todos os que estão à volta.

E isto são exemplos simples que encontro no meu dia-a-dia… Se fosse professora queixar-me-ia que as crianças são cada vez mais imaturas, não têm sentido de responsabilidade e de autoridade, não se interessam pelas actividades… mais do mesmo!!

Termino este post com uma reflexão pessoal… As sociedades equilibradas e auto-reguladas constroem-se, pela modulação das mentalidades e pela estruturação adequada de sistemas de valores. Cabe aos pais (pai+mãe) o papel principal. As escolas, o ATL, a catequese, o karaté, a música, o ballet, ou as mil e uma coisas com que se entretêm os filhos devem ser complementos.
A responsabilidade de mudar os defeitos da nossa geração, no sentido de tornar o mundo melhor, está nos potenciais pais das gerações futuras... que somos nós!

Antes de se matarem a trabalhar para ‘lhes darem tudo’, lembrem-se que os estão a privar do que eles mais precisam…

PS1:. Aos Pais deste blog(uezinho):
- O recado também é para vocês! A criança nem um mês tem e vocês não lhe dão um bocadinho de atenção há dias!! :
Se tiveram tempo para a conceber, também têm que ter tempo para a fazer crescer!!

PS2:. Ao meu Pai:
- És o meu herói! :)

sábado, 17 de março de 2007

Teatro de marionetas

‘Todos numa espécie de mundo hieroglífico. A coisa real nunca era dita, feita ou sequer pensada, mas apenas representada por um conjunto arbitrário de sinais.’

Esta é a realidade social do final do século XIX descrita no filme ‘A idade da inocência’.
Um século depois, sem vestidos compridos de rendas e folhos, sombrinhas, chapéu alto ou jaqueta com lapela, mantemo-nos numa similar realidade de aparências, com ainda menos espaço para a inocência.
O culto do que é popular e do que está na moda, que significa muito mais do que a roupa que se veste, ou a música que se ouve, ou os livros que se lêem ou não, estão a assumir uma importância tão vincada no ‘estilo de vida’ de todos nóes, que indubitavelmente castram a individualidade, a criatividade, a personalidade.
Irrita-me ver toda uma geração ceder ao deslumbramento do que é mais acessório…
Irrita-me ver os meios de comunicação a fomentar a estandardização…
Irrita-me ver pais a educar os filhos no sentido do sucesso material e não no sentido da integridade emocional, racional e moral…
Irrita-me a corrupção das mentalidades com a generalização da conquista fácil, a qualquer nível…
Irrita-me este teatro de marionetas em que constantemente se ouve uma coisa em palavras e se lê outra nos olhares… fingindo-se acreditar…
Irrita-me que a sinceridade e a honestidade, connosco próprios e com os outros, sejam ‘desvantagem’ no fenómeno de selecção natural da espécie humana…

Não é que acredite em mundos perfeitos… nem que sofra de Síndrome de Wendy… Mas às vezes também me sinto um ‘patinho feio’…

Apenas um desabafo...